(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>Editorial | Porquê?…

>Editorial | Porquê?…

>Juntar o útil ao desagradável

Esta edição apresenta-se com características algo diferentes do habitual. Em primeiro lugar, surge totalmente a preto e branco. Em segundo lugar, aparece com o período bimestral, para Janeiro e Fevereiro. Justifica-se a pergunta: “porquê”?

Podemos dizer que se trata de juntar o útil ao desagradável. O útil é a necessária poupança de recursos, de tempo e de dinheiro, como adiante explicaremos. O desagradável – que protestamos com esta espécie de jornal de “luto” – é a obrigação do pagamento de taxas com retroactivos à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), assunto que também desenvolvemos a seguir.

Útil
Não é segredo para ninguém que a actual crise afecta praticamente todos os sectores de actividade. Os jornais, que dependem em muito da publicidade das empresas, sentem imediatamente esse efeito.

No caso dos jornais locais, onde não chegam as publicidades das grandes empresas, nem uma gotinha que seja dos milhões da publicidade institucional do Estado e das suas instituições, a dependência das pequenas empresas da “terra” é quase absoluta. Logo, é normal que quando estas pequenas e médias empresas estão “com a corda ao pescoço” tenham de cortar na publicidade, que na grande maioria das vezes é apenas uma forma de ajudar a financiar o jornal local.

O Jornal da Golpilheira sempre conseguiu equilibrar essas contas, até porque não tem ninguém a receber ordenados e apenas paga as comissões a quem angaria publicidade. No início, bastava-nos garantir o mínimo para pagar a impressão, que ronda os 700 euros mensais. Desde há dois anos, com o fim do Porte Pago, pagamos também a expedição, a rondar os 250 euros por mês. Quer isto dizer que temos de garantir cerca de 1000 euros por mês para garantir a sobrevivência. Não temos problemas em divulgar assim claramente este números aos nossos leitores. Nem temos vergonha de assumir que houve meses no ano passado em que não conseguimos fazer para as despesas. Valem-nos as edições da Páscoa, do aniversário do Jornal, do Natal, e as publicações dos cartazes da Fiaba e das festas de Agosto pela Câmara Municipal. Em números redondos, são seis meses acima da média para colmatar seis meses de prejuízo.
Outro problema prende-se com o tempo. Como todos sabem, temos alguns colaboradores a fazer alguns trabalhos, mas o grosso da redacção de textos, da paginação e da edição do jornal é feito pelo director nos seus tempos livres. No mês de Janeiro, por razões pessoais, não nos foi possível garantir a edição, pelo que, saindo já em Fevereiro, decidimos juntar os dois meses.
Acabamos assim por poupar também uma das edições que dá prejuízo. É uma dupla utilidade.

Desagradável
A somar a todas as dificuldades já referidas para estes pequenos projectos locais, temos ainda uma política para as comunicações sociais que ainda agrava mais a situação. Para acedermos às ajudas ou aos milhões da publicidade do Estado, não somos vistos nem achados. Mas para pagarmos as taxas, aí já somos considerados “gente grande”.
Quem esteve mais atento, ouviu falar nas célebres taxas da ERC que o Governo decidiu aplicar a todos os meios de comunicação social em 2006. Houve contestação por parte dos grandes grupos e das associações de imprensa, o assunto andou nos tribunais, mas acabou por ser dada razão ao Governo. Assim, em Maio de 2010, recebemos a nossa factura para esse ano: 102 euros.
Qual não é a nossa surpresa quando no final do ano recebemos ordem para mais dois pagamentos, retroactivos, para 2006 (meio ano) e 2007. Mais 133,50 euros a pagar (ver imagens ao lado).
E já sabemos que este ano vamos receber as facturas de 2008, 2009 e 2011: mais de 300 euros!
Com isto tudo, são mais de 500 euros que se vão, ainda não percebemos para quê, já que não damos trabalho nenhum à ERC, nem recebemos qualquer ajuda do Estado. Para além de pagarmos os pesados impostos normais, como todas as empresas, já só pedíamos ao Estado o apoio de… não nos roubarem mais nada.
Fizemos acompanhar o nosso pagamento de uma carta em que dizíamos o seguinte:

“Efectuamos estes pagamentos com o sentimento da sua injustiça e perante a impotência de nada poder fazer contra eles. Esta é uma taxa que consideramos como um roubo ao nosso suor e esforço diários para manter de pé um pequeno meio de comunicação local, que é detido por uma associação cultural e recreativa sem fins lucrativos e de utilidade pública, que luta diariamente pela sua subsistência, que assume como principal missão a promoção da cultura e da literacia junto da população de uma pequena freguesia e que, apesar da qualidade que lhe é reconhecida, não é considerado para ter qualquer tipo de apoios por parte do Estado. Mas somos cumpridores das leis, mesmo as injustas, e por isso pagamos. Pelo menos, até ao dia em que passarmos a fazer parte das estatísticas dos jornais que fecharam as portas, como tantos outros que nos últimos tempos sucumbiram a estas políticas.”
Outros jornais estão também a protestar (ver a imagem de recorte do Jornal das Cortes), mas o certo é que todos têm de pagar, senão as pesadas multas acabam com o resto.

Sendo assim, pedimos aos nossos leitores que agradeçam à ERC o facto de lhes ter roubado a edição de Janeiro. Com menos essa edição e com este “luto” do preto-e-branco, estamos a fazer a poupança para pagar as taxas.

Aumento de preço e assinatura
Tendo em conta o que explicamos nesta página, e de acordo com o proposto pelo nosso conselho de redacção, teremos de aumentar o preço do jornal e da respectiva assinatura anual. Assim, o jornal passará a custar 80 cêntimos e assinatura anual ficará a 8 euros para Portugal, 12 euros para a Europa e 15 euros para o resto do mundo.
Lembramos que é o Jornal que paga a expedição pelos CTT, pelo que aqui se inclui o preço desse envio, que também aumentou o ano passado.
Esperamos a compreensão e o apoio dos nossos assinantes.
A administração

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