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Festa das Bodas de Ouro sacerdotais e 80 anos de vida do padre João

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Há quatro anos que o padre João da Felícia não visitava a sua terra natal e sempre que o faz é motivo de festa para a Comunidade Cristã da Golpilheira. Mas, desta vez, a festa foi especial, já que este missionário da Consolata está a comemorar os 50 anos de ordenação sacerdotal e o seu 80.º aniversário.
Assim, no passado dia 24, veio presidir à Missa dominical e foi acolhido por uma igreja cheia e feliz por receber este seu sacerdote. Com ele veio o padre Elísio Assunção, também da Consolata de Fátima, que foi ordenado na mesma Missa, em Dezembro de 1966, em Itália.
Na sua homilia, o padre João falou dos vários “brasis” no Brasil em que trabalha há algumas décadas, onde se cruzam os “muito ricos” com uma “classe média remediada”, uma larga maioria de “pobres” e um franja considerável de “miseráveis” que nada têm, nem sequer a comida do dia-a-dia. Tem estado em Jaguari, uma paróquia com 75 comunidades e 50 kms de extensão, onde o asfalto é uma miragem. No final de um dia pastoral, “são normais as dores nas costas”, mas sobretudo na alma, ao contactar com “um povo que vive em extrema pobreza, sem habitação condigna, sem materiais e até sem água potável”. FFacilmente apanhadas nas redes das seitas e “falsos profetas”, muitas pessoas são “apanhadas pelo cabresto” e têm muita dificuldade em perceber quem as pode ajudar. É essa a missão que assume na paróquia, esgotando os parcos fundos em garantir um mínimo de subsistência, ao mesmo tempo de lhes anuncia o amor de Jesus Cristo.
No almoço de convívio que se seguiu, com cerca de 180 familiares, amigos e conterrâneos, voltou a contar algumas histórias da sua vida missionária, onde se sente muito feliz por servir os mais pobres. Mas não evitou a emoção ao anunciar a despedida, já no início de Outubro, desta vez para os subúrbios de São Paulo, para um bairro onde “ninguém entra sem primeiro ganhar a confiança dos residentes, dominados por redes de traficantes”. Os primeiros contactos serão acompanhados por seguranças, mas confia que aos poucos conseguirá mostrar o seu trabalho de evangelização, até porque não tem “intenções de ser mártir”. Parte com saudades, mas não pensa em desistir ou em parar “até que Deus permita”.
A Comunidade Cristã ofereceu-lhe três livros autografados por todos os presentes, um sobre a sua freguesia, Golpilheira, e outros sobre a Catedral de Leiria e a identidade desta região leiriense onde nasceu. Servirão para recuperar memórias e levar a certeza de que esta comunidade o acompanha na oração e na vocação missionária que é comum a todos os cristãos. Também a Junta de Freguesia lhe entregou um voto de louvor emoldurado, aprovado por unanimidade pelos autarcas locais, em reconhecimento pela dedicação da sua vida e em sinal do orgulho que esta terra tem em tê-lo como “filho”.
No final, foi anunciado que o valor do ofertório da Missa, cerca de 780 euros, bem como o lucro deste almoço, cerca de 1200 euros, seriam destinados à missão do padre João, como ajuda para o seu trabalho junto dos mais desfavorecidos.

Luís Miguel Ferraz

 

 

Breve biografia

João Monteiro da Felícia nasceu a 6 de Abril de 1937, na Golpilheira, filho de Maria Joaquina e José Monteiro da Felícia. Entrou no Seminário da Consolata, em Fátima, no dia 15 de Outubro de 1952, onde fez os seus estudos, e foi ordenado padre a 17 de Dezembro de 1966. A 20 de Novembro do ano seguinte, parte para a sua primeira missão, em Moçambique. Ao longo da vida, além da pastoral, dedicou-se ao estudo, sendo formado em Filosofia e Teologia e com cursos de especialização em Psicologia, Pedagogia, Espiritualidade e Hebraico Bíblico.
Os últimos anos têm sido passados no Brasil, sobretudo em Jaguarari, Nordeste, e nos bairros da grande cidade de São Paulo. Sobre essa actividade e a sua vida em geral, muitos pormenores foram revelados na entrevista publicada na passada edição do Jornal da Golpilheira.

 

Dedicatória nos livros oferecidos

Ao padre João da Felícia, nos 50 anos da sua ordenação sacerdotal e 80 anos de vida, os votos de que Deus continue a abençoar a sua missão de evangelização e de serviço aos mais pobres dos pobres. É uma honra para os golpilheirenses, seus conterrâneos, celebrar com ele uma vida de doação a Deus e ao próximo.
A oferta do livro “Golpilheira Medieval – Documentos Históricos” significa a ligação ao berço que sabemos que ele nunca esqueceu e que tanto ama.
A oferta do livro “A Região de Leiria – Identidade e Desenvolvimento” significa o transporte de uma memória colectiva que é também sua e que tem levado pelo mundo ao longo dos seus 50 anos em missão.
A oferta do livro “Catedral de Leiria”, no ano pastoral de 2017-2018 em que celebramos o centenário da restauração da Diocese, significa a pertença a esta Igreja particular de Leiria-Fátima, donde partiu e que nunca deixou de estar unida a ele na oração e na vocação missionária.
Gratos pelo seu testemunho de vida e de fidelidade ao chamamento de Deus, os nossos parabéns e a afirmação da nossa profunda amizade.
No dia 24 de Setembro de 2017, em que celebrámos a festa das suas Bodas de Ouro Sacerdotais,
A Comunidade Cristã da Golpilheira

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