Continua a guerra um ano depois. Treme a terra e o mundo está mais ocupado a transportar armas do que feridos.
Apregoa-se vontade de renovação, mas são ainda mais altos os gritos das vítimas de quem – mentindo – se disse Igreja. Um jovem desce ao pó prematuro, quando dele desejávamos ainda abraços por longos anos. O Inverno frio teima em passar e a alma embrulha-se em mantas curtas de esperança, como pode.
Ano após ano, a cada início, abrimos champanhe de novas promessas. Mas, tal como o mundo, sentimos o arrastar da idade e o adiar de vidas novas. Ainda assim, não podemos deixar de colocar no amanhã uma semente de alegria que, por cima de tudo, haverá de dançar. Como uma pandemia que acabou sem ter terminado, é preciso manter a pairar o amor. Seja nos risos mascarados de Carnaval, seja na voz que depois ouviremos grave – “arrependei-vos!” –, não deixemos que vença a mentira ou o desânimo. Lendo com atenção, é um pouco dessa luz que procuramos oferecer neste seu Jornal de ano novo.