(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
Festa de Nossa Senhora do Fetal

Festa de Nossa Senhora do Fetal

Foto-Reportagem:
2012-10-06 Festa Senhora do Fetal (Iluminações de Caracóis)

Este é um evento que dispensa apresentações. Com fama já internacional, a festa em honra de Nossa Senhora do Fetal atrai cada vez mais multidões, muito por causa de uma tradição que nos últimos anos tem vindo a ser cada vez mais “restaurada” e ampliada: as ruas iluminadas por candeias de azeite feitas com cascas de caracóis.
O Jornal esteve lá e partilha com os leitores as fotografias do cenário. Incluímos neste álbum dois pequenos vídeos, com muito fraca qualidade (feitos com máquina fotográfica), mas que ilustram um pouco do ambiente vivido.
Não esqueçamos, porém, que o fundamental desta festa é a celebração religiosa em honra de Nossa Senhora. Essa é a raiz, o motivo e o centro de tudo o resto. Mesmo que muitos dos participantes venham apenas para desfrutar do belo cenário nocturno e da festa de arraial, não podemos deixar de sublinhar esta matriz religiosa do evento.
A esse propósito, transcrevemos um bonito e interessante texto publicado pelo Dr. Júlio Órfão no Facebook, que partilhamos com os leitores que quiserem saber mais sobre esta festa:

Santuário de Nossa Senhora do Fetal, no Reguengo
Ultimamente muito se em falado, e bem, da festividade de Nossa Senhora do Fetal, com realce para as iluminações com as cascas de caracol. No entanto a motivação maior dessa festividade é, seguramente, de cariz religioso, tudo o resto é acessório mas complementar. Para os mais curiosos alguns apontamentos sobre a referida Ermida:- Ignora-se a época em que se aconteceu a aparição, bem como a data da construção da primitiva ermida, antes designada de Senhora da Fé, que acolheu a miraculosa imagem ali encontrada;
– Mais tarde em 1585 edificou-se um templo mais amplo e mais sumptuoso que passou a acolher numerosos peregrinos;
– O rei D. Duarte (1433-1438) confirmou uma provisão antiga da Confraria que autorizava a colheita de esmolas, para manter o culto;
– Teve o Santuário de Nossa Senhora do Fetal (título honorífico recebido das mãos do Papa Urbano VIII) dois capelães para atender os peregrinos e celebrar todos os dias duas missas e, por provisão de D. João III, era distribuído o Bodo aos confrades e mordomos;
– D. Maria I, por provisão de 1791, autorizou uma feira franca no 1.º domingo de Outubro;
– O Bispo de Leiria D. Manuel de Aguiar, aplicou no hospital que tomou o seu nome em Leiria, boa parte das ofertas feitas pelos fiéis ao Santuário e por isso mandou da Sé de Leiria para ali, a título de compensação dois artísticos altares com retábulos e colunas salomónicas, recentemente restaurados; (Pelo que observei falta ainda restaurar o cadeiral de madeira do imperador das Festas do Espírito Santo, encostado à parede do lado direito).
-Quanto à estátua da Senhora do Fetal, um monobloco de pedra que mede 38X12 cms, para alguns, na melhor das hipóteses, remontará ao século XVII, tendo sido objecto de uma pintura na década de 1680-90 ordenada pelo bispo leiriense D. José de Lencastre a um frade arrábido. Para outros, onde se inclui o Dr. Saul António Gomes que passo a citar, estamos perante a imagem gótica primitiva “muito provavelmente do último terço do século XVIII ou primeira metade do século XIV”, não qualquer cópia.
Este prestigiado historiador considera ainda a hipótese desta imagem reguenguense poder corresponder à do orago de Santa Maria da Magueixa, cuja ermida é mencionada já em 1211 e em documentação medieva posterior, mormente no arrolamento das capelas da jurisdição de Santa Cruz de Coimbra de 1431.
Oxalá que esta leitura vos ajude, no próximo ano, a perceber e a desfrutar melhor toda a “ambiência” religiosa e não só, que rodeia aquela festividade.

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