Ouvimos muitas vezes falar de bairros pelas piores razões. O bairro da Jamaica foi o mais recente alvo da mira mediática, pela violência entre os residentes e a polícia. A fama, aliás, seja dos bairros, seja das pessoas, vem na maioria das vezes pelas piores razões. Pena é que não se fale com a mesma frequência e intensidade do bem que existe num bairro: a relação de proximidade e vizinhança, a segurança das raízes familiares e culturais, a identidade construída comunitariamente, o sentido do igual e da partilha, a vivência da História com histórias comuns…
Embora a terminologia seja mais usada nas cidades, o bairro pode ser também vivido em ambientes rurais, mais comummente identificado com o termo “aldeia”.
Vem isto a propósito dos 50 anos da nossa colectividade, símbolo maior desse espírito tão bem traduzido no “bairrismo”. É uma qualidade que aponta quem vem de fora às gentes desta freguesia que nunca deixou de ser aldeia, de ser “bairro”.
Se este vai ser um ano de afirmação dessa pertença comum a um mesmo espaço e uma mesma identidade, não deixemos de participar activamente nas propostas de festa e encontro. Porque um “bairro”, ou uma colectividade, só faz sentido com gente dentro.
Mas não deixemos também de abrir portas ao diferente e ao que nos rodeia. Porque o bairrismo só é saudável na relação com os outros e na partilha das diversidades. Senão, é só orgulho e egoísmo. E isso é apenas o lado mau de ser “bairro”…