(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
Editorial 288: Que Natal de tantos natais?

Editorial 288: Que Natal de tantos natais?

“É Natal!”, ouço nas canções, enquanto olho pela TV um mundo encantado. Tenho mãos cheias de embrulhos e o cheiro a pinheiro e azevinho antecipa os paladares saudosos da consoada. O meu sexto sentido, no entanto, dispara os alarmes da fantasia e empurra-me para uma dimensão de frio sem neve, de calor sem lareiras, de luz sem luzinhas, de canto sem ruído, de mesas sem pão.

Sinto por dentro um Natal calmo. Procuro na sua paz a verdade do tempo. Retiro os enfeites que o ofuscam e sobram-me perguntas. Quem estará por nascer sempre e de novo? Que verbo usar para a vida que passa? Qual o resultado de tanta pressa? Quando chegará a hora da revelação? Como será a história que devo construir? Por que razão fazer festa? E, sobretudo, quanto espaço espera a minha presença?

A cada resposta, diferentes natais me vão cruzando o pensamento. Tranquilos, adoradores, em redor de altares dourados e música angélica. Estrondosos, galhofeiros, brindados com horas de foguetes e vinhos caros. Sofridos, medonhos, conduzidos por mãos armadas e cérebros de guerra. Vazios, perdidos, em ruas sem abrigo ou metidos entre quatro paredes solitárias.

A questão permanece… que Natal de tantos natais vou celebrar?

Luís Miguel Ferraz
Director

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O nosso postal de Boas-Festas deste ano:

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