> Solidariedade, associativismo, missão. São alguns dos temas que destacamos nesta edição. Sem dúvida, bons assuntos para esta entrada no mês de Dezembro, em que o Natal marca o centro de todas as conversas, programações e agendas. Porque é sempre bom recordar que, para além das caixas em que embrulhamos o nosso consumismo, para além da mesa farta e do copo pronto para o brinde, para além dos sorrisos mais ou menos forçados que oferecemos na rotina das “boas-festas” natalícias, este é um tempo especial para olhar para dentro, de modo a ver com mais clareza o que se passa fora de nós. Um tempo propício a decisões para uma sociedade melhor, não apenas na onda da solidariedade momentânea, que nos pode levar a dar umas “coisinhas” do que nos sobra, mas não nos compromete. Um tempo para o nascimento de novos rumos de vida, mais atentos às necessidades de quem vive ao nosso lado, mas empenhados na promoção humana dos que nos rodeiam, mais abertos a deixar que os que estão longe se aproximem.
O exemplo de solidariedade que se viveu recentemente na Golpilheira, em algumas iniciativas para apoiar a Liliana, tem um significado muito positivo da sociedade que somos. Mas não pode morrer por aí. Não podemos deixar de nos preocupar com esta família, nem com tantas outras famílias, com tantos outros problemas, que não desaparecem por artes mágicas de uma “esmola” que se dá. O carinho, o conforto na dor, a preocupação pelo decorrer da situação são, por vezes, mais importantes que o dinheiro. Querem dizer, sobretudo, que estamos solidários, numa permanente onda de amizade, que tanto é necessária, por vezes, para superar desânimos e alimentar a esperança em dias melhores.
O recente fórum sobre o associativismo levantou, também, a questão da necessidade do voluntariado, das dificuldades do trabalho por amor às populações, que pouco mais nos trazem do que preocupações e dores de cabeça. Faltaram muitos membros activos das associações, é pena. Mas nós sabemos onde eles estão. Estão horas a fio a incentivar os miúdos a praticar desporto, estão dias inteiros longe da família e do seu ganha-pão para garantir que uma semana cultural corre bem, estão noites intermináveis a “inventar” o dinheiro necessário às actividades sociais que promovem. Estão lá, onde poucos querem estar, tendo como recompensa, por vezes, a crítica fácil e o dedo apontado aos fracassos. O certo é que, sem eles, a vida das comunidades não seria o que é. Não teríamos os espaços de cultura, recreio e desporto que temos, os nossos filhos não teriam onde ocupar os seus tempos livres e a formação extra-escolar que têm, a nossa terra não teria o desenvolvimento, as infra-estruturas e a promoção regional e nacional que têm. Para eles, é Natal todos os dias. Porque todos os dias oferecem mais um pouco de si.
Continuamos a acompanhar os dias dos nossos missionários lá fora, sobretudo do padre João no Brasil e da Catarina em Angola. Não foram em nosso nome, mas não podemos deixar de nós sentir responsáveis pela sua missão, mesmo com a ajuda material que lhe podermos dar. Estão junto dos que mais precisam, a uma escala global que não podemos ignorar, dos que morrem de fome, dos que não têm acesso à educação, dos que com um simples medicamento, daqueles que deitamos ao lixo, poderiam salvar um filho.
O Natal de Jesus Cristo foi, sobretudo, para eles. Só que ainda não chegou lá…