(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>625 anos da Batalha de Aljubarrota e Dia do Município

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Os diversos actos comemorativos

A importância da Batalha de Aljubarrota é um facto incontornável no contexto da independência nacional e da História de Portugal em geral. Mas a importância que é dada à sua comemoração a nível nacional é diametralmente oposta. Resta-nos contar com a memória local, este ano organizada conjuntamente pelos municípios de Batalha e Porto de Mós e a Fundação Batalha de Aljubarrota.
O programa começou com a colocação do estandarte oficial dos 625 da Batalha de Aljubarrota na praça do Município de Porto de Mós, no dia 1 de Agosto. A mesma autarquia promoveu, no dia 6 de Agosto, um colóquio sobre a Batalha Real, com o coronel Américo Henriques, no Campo Militar de S. Jorge.
Nos dias 7 e 8 de Agosto, coube ao Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA) promover algumas actividades, com destaque para uma noite de animação popular medieval e passeios de balão, em S. Jorge. E no fim-de-semana de 13 a 15 de Agosto, as atenções viraram-se para a vila da Batalha, nas tradicionais festas deste concelho.

Celebrações Oficiais
Quanto às “celebrações oficiais”, o figurino manteve-se dentro do que tem sido hábito nos últimos anos.
Pelas 10h00, no CIBA, foi celebrada uma missa campal, em memória dos heróis de Aljubarrota, com a figura de São Nuno de Santa Maria em destaque.
No final da Eucaristia, seguiram-se algumas alocuções, começando Carlos Evaristo, presidente da Fundação Oureana, por lembrar a importância da data e dos 650 anos do nascimento de São Nuno, que serão motivo para algumas iniciativas de comemoração, nomeadamente em Ourém, a divulgar oportunamente.
Depois, foi a vez do coronel Américo Henriques fazer uma apresentação épica da batalha de 1385, louvando a valentia dos portugueses e a inteligência militar do Condestável. “A táctica utilizada pelos dois exércitos não terá sido muito diferente, pois o ‘quadrado’ já era prática usual naquele tempo, mas a disposição no terreno foi genial e aí é que ganhámos a batalha”, afirmou o historiador, salientando o papel fulcral que teve a “preparação do combate”. Mas o maior segredo, o que fez com que “naquele dia se passasse ali mais do que uma simples batalha, algo de transcendente”, foi “a vontade de um povo reunido pela primeira vez sob a ideia de Pátria”. “É essa vontade, esse ideal, esse amor à Pátria que faz com se vençam todos os combates, seja rei, seja condestável, seja primeiro-ministro, seja quem for”, concluiu Américo Henriques.
Por fim, o presidente da Câmara de Porto de Mós, João Salgueiro, falou também desse exemplo de patriotismo de Aljubarrota, apelando a que “também hoje saibamos honrar os heróis desta Nação valente e imortal”.
As cerimónias passaram depois para a Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, onde as várias entidades civis e militares depuseram coras de flores junto ao túmulo de D. João I, num acto de homenagem silencioso.

Dia do Município
Já da parte da tarde, foi inaugurada a exposição “Festas da Batalha – Uma História com mais de 50 anos”, na galeria Mouzinho de Albuquerque. Trata-se de uma mostra de cartazes, imagens de artistas e outros documentos relativos a estas festas, iniciadas em 1948. Organizada pela Associação de Propaganda e Defesa da Região da Batalha, a mostra ficará patente até final do mês.
A sessão solene decorreu no auditório municipal, tendo como pontos principais a alocução histórica sobre “O Voto de El-Rei D. João I antes da Batalha Real”, pelo engenheiro António Almeida Monteiro, e o lançamento de um livro sobre as gárgulas do Mosteiro, da autoria de Ana Patrícia Alho.

O voto de D. João I
Na sua apresentação, acompanhada de algumas imagens projectadas, António Monteiro salientou a ligação da Batalha a Guimarães, pelo único e verdadeiro voto de D. João I antes da batalha, à Senhora de Oliveira, na “cidade berço”. Este ex-autarca batalhense, investigador da história local, mostrou como pela análise dos caminhos existentes à época é possível reconstruir grande parte da história da Batalha de Aljubarrota, desde os preparativos até à vitória.
Uma das novidades apresentadas foi a da adaptação de que foi alvo o pórtico do Mosteiro, para receber um projecto magnífico que mestre Huguet trazia de França e que muito agradou ao rei, dada a sua imponência, mas, por ser grande demais para o espaço existente entre as colunas centrais, ficou “entalado” entre elas, como se pode verificar no local. E aqui surge uma nova ligação a Guimarães: é que o projecto original de Afonso Domingues foi levado para a igreja da Senhora de Oliveira, onde foi colocado como janelão por cima do pórtico já existente.
Com esta apresentação, ficaram, assim, revelados mais alguns dados sobre um monumento que tem sempre novidades para revelar. E fica também uma conclusão do autor desta investigação: “Guimarães não é só berço de Portugal, é também o berço da Batalha”. E uma sugestão: “Guimarães vai ser Capital da Cultura em 2010… que tal até lá fazer a geminação entre os dois municípios?”.

Livro sobre as gárgulas
De seguida, mantendo o Mosteiro como tema, foi apresentado o livro “As Gárgulas do Mosteiro de Santa Maria da Vitória – Função e Forma”, de Ana Patrícia Alho. Trata-se de um resumo da sua tese de mestrado em História da Arte, Património e Restauro, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde a investigadora apresenta um estudo sobre o sistema hidráulico do monumento e as famosas gárgulas que servem de ponta final do sistema de escoamento de água pluviais.
Apresentada pelo professor Fernando Grilo, daquela universidade, a obra é mais um meio de divulgação das “novidades” que é possível continuar a descobrir neste monumento. As conclusões são “ainda naturalmente parciais sobre a técnica constritiva dos vários mestres envolvidos, assim como sobre a poética e o valor simbólico, decorativo e funcional das gárgulas ainda presentes nos edifícios, sejam de feitura antiga, como as que se publicam com menção específica a datação possível, como as que são claramente ‘modernas’ e que, como se verificou no local, ostentam datações esculpidas a memorizar restauros oitocentistas”, referiu o orador.
A autora prossegue agora um trabalho para o seu doutoramento, de comparação deste caso com outros monumentos similares, numa área “praticamente inédita” de estudo sobre os sistemas hidráulicos medievais.

Que futuro?
No final, António Lucas, presidente da autarquia, louvou os trabalhos apresentados nesta tarde, como “contributos para a construção da memória”, que ajudam ao desenvolvimento cultural e histórico do concelho. Na mesma linha, deu algumas informações sobre os projectos culturais mais relevantes em curso, como a definição de um novo percurso pedonal pelas pedreiras de onde saíram os materiais para a construção do Mosteiro, ou a inauguração para breve do novo Museu da Comunidade Concelhia Batalhense.
Ainda no campo do património, o presidente lamentou ter perdido a batalha pela não introdução de portagens na futura variante ao IC2, que poderia ser “a resposta para, finalmente, se desviarem cerca de 40 mil viaturas que passam diariamente junto ao Mosteiro, das quais 8 mil veículos pesados, e que assim dificilmente optarão pelo novo percurso, pagando esse troço de cerca de 10 km”.
Quanto ao futuro do Concelho, António Lucas manifestou a sua preocupação com o actual corte à possibilidade de recurso dos municípios ao crédito, “numa altura em que o QREN começa a disponibilizar verbas e que significaria o arranque de muitos projectos agendados, mas que ficam dependentes da possibilidade de o município se financiar para a respectiva comparticipação”. O autarca lembrou que “a actual capacidade de endividamento da Batalha estava usada em apenas 4%, permanecendo 96% disponíveis, e agora ficámos com zero, tal como ficaram municípios que já tinham usado os 100% dessa capacidade”.
Como agravante, apontou o presidente, “os municípios podem voltar a contrair empréstimos conforme os montantes que forem amortizando, o que significa que quem já deve muito é que poderá voltar a pedir mais ainda”. Em conclusão, “quem gere mal é beneficiado e quem gere bem fica sem nada”. “Isto não é forma de gerir um país, assim não vamos lá”, lamentou António Lucas, terminando com um aviso: “Se isto não se inverter, este país nunca mais tem sentido”.
O último acto desta sessão foi a recepção dos ranchos convidados para a XXV Gala Internacional de Folclore, que nessa noite iria preencher o serão das festas. Houve troca de lembranças e um aplauso a estes representantes das culturas tradicionais dos respectivos países e regiões etnográficas, que com enorme “carolice” vão tentanto manter e divulgar esse património colectivo.

Luís Miguel Ferrraz

XXV Gala Internacional de Folclore
Decorreu no passado dia 14 de Agosto, tendo como pano de fundo o majestoso Mosteiro da Batalha, a XXV Gala Internacional de Folclore da Batalha, organizada pelo rancho “Rosas do Lena”, com o apoio de diversas entidades e empresas. Começou com um espectáculo etnográfico, “Um Serão na Alta Estremadura”, com alguns componentes do rancho folclórico anfitrião. Seguiu-se a actuação deste grupo e dos convidados, em representação do Algarve, Minho, Espanha, Equador e Bulgária. Foi um excelente serão, que serviu para promover tanto o folclore nacional como o internacional.
MCR

Conferência sobre a Batalha de Aljubarrota
“Introdução Histórica à Crise de 1383/1385”

Realizou-se no passado dia 6 de Agosto, em São Jorge, uma conferência sobre “A Batalha de Aljubarrota – Introdução Histórica à Crise de 1383/1385”, com organização conjunta da Câmara Municipal de Porto de Mós e do Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota.
O orador convidado foi o coronel de Infantaria Américo Henriques, que demonstrou ter um conhecimento pormenorizado de tudo o que se passou durante esta crise e, mais concretamente, naquela tarde de calor tórrido do dia 14 de Agosto de 1385. Conseguiu com que toda a plateia ficasse electrizada com o tom do seu discurso, militarista e patriótico.
Não se restringindo à sala em que cerca de meia centena de pessoas o escutavam, saiu para o terreno do campo militar de S. Jorge, onde continuou a palestra. Ali enalteceu todas as virtudes de D. João I, de D. Nuno Álvares Pereira, dos soldados portugueses e ingleses que nos ajudaram nesta vitoriosa batalha, contra os castelhanos que no seu exército possuíam cerca de mil portugueses traidores e dois mil franceses. Enalteceu também o papel das gentes de S. Jorge, Porto de Mós, Calvaria, Aljubarrota, Alcobaça, etc., no apoio ao nosso exército. Realçou ainda a disparidade dos guerreiros de ambos os lados: a cada português correspondiam cinco castelhanos. Foram a astúcia, o saber, a valentia e o grande estratagema guerreiro do Condestável os pilares importantes em que assentou a nossa vitória.
“Foi aqui, nesta terra, neste chão sagrado, perto desta capela, que foi constituída a armadilha onde tombaram mais de três mil castelhanos. E também muitos Portugueses. Na altura, era uma pequena colina, que foi disfarçada para aqui ser construída esta capela, também ela, símbolo desta grande vitória”. Estas foram algumas das palavras que pudemos ouvir no local, apreciadas por todos os presentes e, infelizmente, esquecidas de muitos.
Manuel Carreira Rito

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