(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>164 – Vinha .

>164 – Vinha .

>Por José Jordão Cruz , Eng. Técnico Agrário

Casta de Uva Castelão

O castelão é uma casta portuguesa que produz o vinho de mesa mais antigo de Portugal. O seu cultivo predomina na região de Setúbal e resto do Sul de Portugal. No Algarve, em combinação com a casta Tinta Negra Mole, dá vinhos mais macios enquanto jovens, mas com menor potencial de envelhecimento.

Esta casta, apesar de ser portuguesa, também é exportada para a Austrália.

O Castelão também é conhecido por Piriquita e João Santarém. Estes nomes também são bem conhecidos e usados pelos vitivinicultores portugueses nos rótulos de garrafas, consoante a zona a onde são produzidos.

Os clones (material genético) desta casta têm uma grande homogeneidade, em termos de produção, sendo os do Ribatejo os mais usados. Os clones da região de Setúbal, embora ricos em variedade, não são tão produtivos.

Passamos a enumerar o rendimento dos clones certificados desta casta Castelão, segundo os estudos da estação Vitivinícola da Anadia.

Castelão T, clone 33 EAN

Bom rendimento, elevado teor alcoólico, elevada acidez total e elevado teor em substâncias da cor. Bom potencial enológico, o qual se traduz pela qualidade do seu perfil organoléptico, quer em termos aromáticos quer em termos gustativos.

Castelão T, clone 32 EAN

Bom rendimento, com teor alcoólico médio, acidez total média. Resiste bem à podridão, excepto na altura da floração, que se consegue ver bem no pedúnculo do cacho, acontecendo por vezes para os menos experientes confundir-se com o míldio. Adapta-se bem a solos, mais ou menos húmidos. É sensível ao oídio, pó ou cinza. É uma casta que vem no cedo (temporã), mas não requer solos muito férteis. É carente em potássio (K), não suportando o excesso de azoto (N).

O desavinho (não vingamento das flores) é um problema que se atenua com fertilizações adequadas, com esquema onde entrem aminoácidos, atenuando-se também, com a utilização de garfos, ou cavalo, provenientes de material policlonal (selecção massal de clones).

No que diz respeito à poda, antigamente era de vara e talão, mas modernamente, como se tem apostado muito no material seleccionado, tem sido em talão, melhorando muito a qualidade do vinho. Realmente as doenças do lenho são uma preocupação nesta casta. É uma casta sensível à traça da uva.

O grau deste vinho é razoável assim como a sua cor, o que lhe confere boa aptidão para fazer lotes de vinho, ficando mais macios e alcoólicos.

Castelão T, clone 30 EAN

Rendimento médio, com um bom equilíbrio de características qualitativas.

31 EAN

Muito bom rendimento, com bom teor alcoólico e de acidez total. Elevado teor em substâncias da cor. Potencial enológico bastante elevado, o qual se manifesta Castelão T, clone pela distinção do seu perfil aromático e pela complexidade e persistência gustativa dos vinhos.

Castelão T, clone 29 EAN

Muito bom rendimento, com teor alcoólico elevado, acidez total média e elevado teor em substâncias da cor. Elevado potencial enológico, o qual se baseia na qualidade do seu perfil aromático e na distinção e persistência gustativa dos vinhos.

Transcrevemos também o texto aonde se fala do vinho de mesa mais antigo de Portugal , com 146 safra ininterruptas…

A saga começou com José Maria da Fonseca que, aos 24 anos, adquiriu uma propriedade em Vila Nogueira de Azeitão, ao Sul de Lisboa, para produzir vinhos. As mudas foram trazidas por ele do Ribatejo, de uma propriedade chamada Cova da Periquita. Daí a origem do nome.

Uvas pisadas a pé em lagar, fermentadas com engaço, vinho envelhecido em madeira, estágio em garrafa. Era assim que se fazia o Periquita na década do seu primeiro rótulo até 1960. Eram cinco anos para que uma nova safra do Periquita encontrasse o seu destino: ser bebido. Essa receita foi abandonada com o crescimento das exportações e a necessidade de aumentar a produção. Actualmente, nada mais, nada menos do que 2,5 milhões de litros do vinho são produzidos a cada safra.

A mesma lógica empresarial falou mais alto e a JMF viu-se obrigada a alterar a fórmula tradicional do Periquita em 2000, adicionando-lhe módico percentual (7,5%) da trincadeira (uma uva mais frutada) e a mesma quantidade da nobre aragonês, a mais fina das castas portuguesas.

Nos anos de safra de excepcional qualidade, a JMF elabora o Periquita como nos velhos tempos: o Periquita Clássico. Se se deparar com essas garrafas por aí, saiba que fará uma viagem no tempo ao redor de uma garrafa, pois vai apreciar um castelão 100% que obedeceu aos critérios ditados pelo patriarca José Maria no século 19. Em Portugal, o preço do Clássico nas lojas especializadas varia de 12 a 20 euros.

Para quem não sabe, a idolatria ao Periquita em Portugal rendeu até uma confraria própria. Os seus integrantes reúnem-se anualmente a cada dia 31 de Maio, a data de nascimento de José Maria da Fonseca. O sonho do patriarca continua. E com vigor: a JMF está hoje entre as sete maiores vinícolas portuguesas.

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