(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>165 – Vinha

>165 – Vinha

>Por José Jordão Cruz , Eng. Técnico Agrário

Casta de Uva Espadeiro

Como temos vindo a dizer ao longo destes meses, também esta casta de uvas tem vários nomes, dependendo da zona onde é cultivada. Na Cova da Beira chamam-lhe Castelão, em Torres Vedras e Alenquer chama-lhe Mortágua, em Bucelas chamam-lhe Preto Martinho, em Aveiras de Cima chamam-lhe Castiço, Espadeiro de Setúbal ou Murteira. E por aí além, “cada terra com o seu uso”.

Mas onde o Espadeiro tem expressão, no que respeita ao seu cultivo, é na região dos vinhos verdes, onde também lhe dão outros nomes, como Espadão ou Espadanal. Nós, que estamos ligados à multiplicação de plantas vitícolas, muitas vezes somos consultados para o fornecimento de castas baseadas em nomes locais. O que por vezes é complicado, pois temos de ter muita atenção em pesquisar qual a casta a que realmente se refere o agricultor, para não se fornecer o que o mesmo agricultor não quer. As castas têm de ter um passaporte fitossanitário, com a designação do nome oficial. Estes passaportes fitossanitários são também obrigatórios para os porta-enxertos, ou americanos, como se diz na gíria agrícola, o que não é incorrecto. É nestes porta-enxertos que se fazem as enxertias das castas pretendidas, tendo em atenção a afinidade entre a parte da planta (porta-enxerto) a que leva o cavalo (garfo) da casta a enxertar. A não ser assim, é dito e feito o insucesso da enxertia, pois não havendo afinidade entre os meristemas, nada feito.

Como disse atrás, é nos vinhos verdes que esta casta é muito apreciada. É uma casta muito produtiva, com grandes cachos, compactos médios bagos uniformes. O espadeiro dá vinhos abertos, mesmo com curtimenta prolongada, vinhos de cor rosada clara ou rubi, muito aberta. Quando estamos na zona, no exercício das nossas funções, apreciamos este néctar ácido, que no verão vai muito bem. Já há adegas a produzir rosés com esta casta.

Como referimos há tempos, já se cultivam vinhos nesta região, desde os primórdios da nacionalidade, daí haver os diferentes nomes, pois são castas autóctones. Por isso, e ainda bem, a legislação protege estas castas e classifica-as como produtoras de vinho com Denominação de Origem de Vinho Verde. Ultimamente, as exportações têm subido exponencialmente, nomeadamente, para o Brasil, no caso dos vinhos verdes.

Segundo o enólogo Cerdeira “o vinho verde não é singular, é plural, pois tem várias nuances”. A sua produção é de 65% brancos, 26% tintos e 9% rosés, espumantes e mostos.

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