(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>165 – Energias renováveis

>165 – Energias renováveis

>Por David Lucas, Engenheiro Civil

Energia Hídrica (Hidroeléctrica)

A energia hídrica surge associada à produção de electricidade a partir das correntes de água doce (etimologicamente, “hidra” significa água), ou seja, traduz-se pelo aproveitamento do movimento das águas no leito dos rios (essencialmente) para que seja gerada energia eléctrica. Todos conhecemos este fenómeno, já que no nosso país são inúmeras as barragens e o processo de obtenção de energia está mais ou menos vulgarizado. Estas obras de arte (barragens) têm como objectivo a retenção de grandes volumes de água, que posteriormente é expelida por aberturas, onde se encontram hélices (pás rotativas) que são forçadas a entrar em movimento, gerando energia. Resume-se a uma transformação de energia mecânica em eléctrica.

Somos um país com um potencial hídrico enorme, daí a necessidade de efectuar um aproveitamento a este nível. Segundo dados de 2009, em Portugal existiam cerca de 208 barragens, situando-se uma boa fatia destas na zona Norte (69) e Centro-Sul (68) do país. Este tipo de estrutura representa um investimento significativo nos cofres do Estado, não só como obra “chave na mão”, mas pensando também em toda a manutenção que ao longo dos anos poderá advir. É por este motivo que é necessário rentabilizar um investimento deste tipo. A energia hidroeléctrica surge assim como uma peça fundamental neste puzzle. O governo definiu o Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH) a 31 de Julho de 2008, onde definiu objectivos e prioridades ao nível da energia hidroeléctrica até 2020 (investimento entre os 1000 e 2000 milhões de euros, sem contar com derrapagens). Pretende com este plano obter a produção de 7000MW (67% do potencial hídrico do país) através destes recursos, tentando liberalizar de forma mais eficaz o comércio e produção de energia. É um bom princípio, mas lento. A factura é sempre paga por todos nós, já que o amortecimento do investimento não é feito pela empresa, mas sim pelo consumidor. E já agora, estamos a pagar caro!

Acima de tudo, não podemos pensar só em grandes barragens como potenciadoras da geração de energia hídrica, mas também em fontes de energia mais pequenas. As mini-hídricas (algumas micro também) desempenham assim um papel importante, conseguindo factores de capacidade superiores (50%) aos mostrados pela energia eólica (30%) e solar (10%). Este tipo de hídricas é apelidado de centrais de fio de água, já que não é possível regularizar o caudal afluente como acontece nas albufeiras normais. Depende essencialmente de um desnível (queda) que faz com que um fio de água seja aproveitado para gerar energia. São localmente importantes e comportam menores impactos na circunstância da sua aplicação. Claro que, pela sua dimensão, não têm a possibilidade de gerar tanta energia como uma barragem, mas são eficazes tendo em conta o investimento e sistema aplicado. Em 2010 previa-se uma capacidade de produção de 400MW para este tipo de estruturas em Portugal.

Haveria mais para falar, não só da energia hidroeléctrica, bem como da utilização das próprias barragens e da sua influência numa qualquer região. Sucintamente, e já um pouco fora do âmbito do tema, posso referir que as barragens, para além de potenciarem a produção de energia sem resíduos, podem aumentar o turismo de uma região, melhorar a capacidade do regadio e regular os cursos de água. Existe também o reverso da medalha, apresentando-se como desvantagens a destruição ambiental ao nível da erosão dos solos e destruição da vegetação, a diminuição da qualidade das águas (já que ficam paradas) e a destruição de habitats humanos.

Fontes: http://paginas.fe.up.pt ; www.bes.pt ; www.inag.pt

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