(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
Encontro de Emigrantes Batalhenses em Paris

Encontro de Emigrantes Batalhenses em Paris

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Raízes que nunca se arrancam

Textos e fotos
Luís Miguel Ferraz

A descrição que apresentamos no editorial faz parte do senso-comum, mas é confirmada na primeira pessoa pelos vários emigrantes com quem conversámos, no passado dia 24 de Março, em mais uma edição do convívio que a comunidade batalhense em França, mais concretamente nos arredores de Paris, faz questão de organizar anualmente. E a cujo convite o Município da Batalha faz questão de responder positivamente, enviando uma pequena representação. Este ano, marcaram presença António Lucas, presidente da autarquia, Tiago Duarte, vereador do executivo, Germano Pragosa, presidente da Junta da Batalha, e o autor deste texto, em representação da Assembleia Municipal.
O encontro juntou cerca de 120 pessoas, a maioria da referida “primeira vaga”. A tal que não conseguiu nunca libertar-se dessas “raízes que nunca se arrancam”, como gosta de frisar José Baptista de Matos, membro do grupo organizador desta festa, um dos emigrantes mais mediáticos e agora comendador, recentemente agraciado pela Presidência da República Portuguesa com a medalha da Ordem Nacional de Mérito. “Somos e sempre seremos portugueses, batalhenses, e temos muito orgulho nisso”, repete à exaustão este homem das Alcanadas que chegou a encarregado-geral do Metro de Paris, recusando sempre aceitar a dupla nacionalidade francesa, apesar de se afirmar “cidadão do mundo”.
Para além de ser uma ocasião de festa para quem partilha um mesmo destino na diáspora, o objectivo deste jantar é também esse, de celebrarem juntos o orgulho numa raiz comum que os une e identifica.

Presença do cônsul-geral

Na palavra de abertura, Batista de Matos dirigiu uma saudação especial ao cônsul-geral em Paris, Luís de Almeida Ferraz, que fez questão de marcar presença neste “encontro de amigos”, estando já em “hora de despedida” desta comunidade, rumo a uma nova missão diplomática em Bucareste. “Um homem de enorme valor e grande simplicidade, acolhedor e amigo dos emigrantes, que em dois anos mudou completamente a presença do consulado, fazendo dele uma verdadeira casa dos portugueses, sobretudo no campo da cultura”, sintetizou. “É apenas o cumprimento do nosso dever, servirmos e respondermos às necessidades daqueles que se encontram em dificuldade, longe de Portugal”, respondeu o visado, salientando a sua “honra em ter prestado este serviço a cada um dos emigrantes portugueses, que é um verdadeiro caso de sucesso, capaz de prosperar em condições tão difíceis”. “Este é um exemplo que deve ser seguido por todos neste momento de especial dificuldade, como forma de ultrapassar a crise que se vive em Portugal e na Europa”, sublinhou Luís Ferraz.
Na troca de lembranças que se seguiu, também António Lucas fez questão de agradecer o apoio que, segundo testemunhos recebidos, o cônsul-geral prestou à comunidade emigrante, nomeadamente a da Batalha. “Nunca é demais destacar publicamente aqueles que se dedicam verdadeiramente à causa pública, não em proveito próprio, mas ao serviço dos outros”, afirmou o autarca.

Festa à portuguesa

O ambiente era praticamente familiar, dada a frequência regular com que a maioria se encontra, não só nesta ocasião anual, mas também no dia-a-dia profissional e social. Muitos chegaram a Paris na mesma época e lutaram lado a lado na vida. Grande parte já se conhecia por cá, dadas as origens vizinhas do mesmo concelho. Mas a boa comida e bebida – ou não fossem portugueses – é sempre motivo de festa e ocasião para pôr a conversa em dia. E não faltou sequer – ou não fosse uma festa portuguesa – o Fado cantado por uma natural do Reguengo do Fetal e as cantigas populares para um bailarico a prolongar-se até final da noite.
Faltaram, isso sim, muitos dos mais novos das famílias, a quem este ritual já não é tão convidativo e cujos interesses estão mais direccionados para outras actividades nocturnas. Lá, como cá. Embora haja uma outra ocasião em que é frequente vê-los, o encontro que o próprio Município organiza na vila, por ocasião das Festas de Agosto.
O presidente da autarquia fez questão, numa palavra final, de lembrar esse convite a todos. Aproveitou também para deixar algumas informações sobre a situação actual, em especial no concelho da Batalha, de alguma incerteza quanto ao futuro a que a crise nos irá conduzir e da necessidade de mantermos a confiança na solução dos problemas. “Para tal contamos também com a ajuda dos emigrantes, no contributo que podem dar na promoção das exportações e do crescimento económico”, sublinhou António Lucas.
Uma das questões práticas que mencionou foi o processo em curso de reavaliação de imóveis ao abrigo do IMI, “que poderá fazer disparar o valor do imposto que pagam actualmente”, mas que poderá “trazer maior equidade fiscal, ao permitir que se minimize a sobrecarga que é agora suportada pelos casais mais novos, cujos imóveis são posteriores a 2004”.
Por fim, António Lucas entregou a Batista de Matos o voto de louvor aprovado pela Câmara e pela Assembleia Municipal, por ocasião da comenda recebida no mês anterior das mãos do embaixador. E referiu que, sem desprestígio dos méritos do homenageado, esta poderia ser o “símbolo de uma expressão de gratidão e carinho de todos nós pelos nossos emigrantes”.

Recebidos pelo embaixador

À chegada, no dia 23, a comitiva que se deslocou do Município da Batalha juntou-se ao grupo organizador do convívio dos batalhenses para uma recepção na embaixada portuguesa em Paris, um imponente edifício no centro da cidade.
Num ambiente acolhedor e informal, o embaixador Francisco Seixas da Costa deu conta do trabalho que ali se desenvolve, de relação diplomática, política, cultural e económica, esta com mais intensidade no momento actual, “mas que sempre esteve presente no caso concreto das relações com o Governo e outras entidades francesas”. Um dos motivos é, precisamente, “o contributo que a grande comunidade portuguesa oferece neste país, também em termos económicos; basta verificar que é dos poucos, senão o único, em que a balança comercial pendeu este ano positivamente para o nosso lado”. A este propósito, o embaixador revelou que ouve frequentemente falar da comunidade emigrante batalhense, reconhecida como “um dos exemplos de sucesso, boa integração local e com dinamismo colectivo assinalável”.
A conversa abarcou os temas mais prementes da actualidade nacional e internacional, mas acabou por se centrar no concreto do concelho da Batalha, sobre o qual o presidente da autarquia foi revelando algumas das principais características, dificuldades e potencialidades, como o reconhecido dinamismo económico e social e a gestão equilibrada dos recursos em prol das populações. Foi sublinhando, neste campo, o investimento feito no turismo cultural e de natureza, dando o exemplo dos recentes centros de interpretação da Batalha de Aljubarrota e do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, bem como do Centro de BTT a inaugurar na Pia do Urso nesse fim-de-semana.
Entre estes e outros motivos, ficou o convite ao embaixador para uma visita ao nosso concelho, que obteve como resposta um “está prometido!”.

Portugueses em França

Texto retirado do sítio www.embaixada-portugal-fr.org
A comunidade portuguesa em França é a mais numerosa das comunidades portuguesas na Europa e uma das principais comunidades estrangeiras estabelecidas nesse país, rondando um milhão de pessoas. A presença duradoura de uma tão importante comunidade faz dela um factor importante de união entre os dois povos e um parceiro privilegiado no quadro das relações bilaterais.
A chegada da primeira grande vaga de imigrantes portugueses a França teve lugar durante a década de 60. Radicada há longa data em França, a população portuguesa sofreu transformações estruturais e os trabalhadores no início não qualificados foram sendo gradualmente substituídos por activos com melhor formação: contam-se actualmente dezenas de milhares de nacionais ou franceses de origem portuguesa com formação universitária que vivem neste país.
O contributo dos portugueses para a França foi e continua a ser de relevo, não só pelo seu papel na construção das auto-estradas, aeroportos, bairros e mesmo cidades, como também pelos milhares de empregos que criaram em França.
As eleições municipais de Março de 2008 registaram a eleição de vários autarcas portugueses e luso-descendentes: foram localizados cerca de 3500 autarcas com apelidos de consonância portuguesa no conjunto do território francês, dos quais 1500 inscreveram-se no banco de dados do Observatório Permanente da Comunidade Portuguesa da Embaixada.
Estima-se em cerca de 50.000 o número de empresas ligadas a portugueses e luso-descendentes.

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