(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
Eduardo Silva (Ratinho), atleta do A. C. Marinhense

Eduardo Silva (Ratinho), atleta do A. C. Marinhense


Entrevista a um futebolista que iniciou a sua formação no CRG

Este é o nosso terceiro atleta entrevistado: Eduardo José Moreira da Silva, nascido no dia 28-03-1993, mais conhecido no meio futebolístico por “Ratinho”, nasceu na Golpilheira, concelho da Batalha. Representou na época passada o A. C. Marinhense, mas saiu do C.R. Golpilheira para a U.D. de Leiria.

Entrevista de Manuel Carreira Rito

Com quantos anos começaste a tua formação? Com seis anos. Lembro-me que, devido à minha idade, não pude ser inscrito, mas a minha vontade de aprender a jogar futebol era tão grande, que não faltava a um treino.

Quem foi o teu primeiro treinador?
Foi o Luís Rito.

O que mais te marcou no teu primeiro clube de formação?
Foi a amizade que criámos entre todos, não só com os meus colegas, mas também com os técnicos, directores, outros colaboradores e o público que muito nos apoiava. Criámos uma autêntica família.

Depois do C.R. Golpilheira, qual foi o clube onde ingressaste?
Foi na U. D. Leiria. Tinha então catorze anos. Entrei para os Iniciados de segundo ano. Estive lá três épocas. Para além desta, nos Iniciados estive duas nos Juvenis. Saí quando iria integrar a primeira época de Júnior.

O que te levou a sair do Leiria?
Como o mister Fredy nos transmitia com toda a sinceridade, até uma certa idade, as coisas são sãs, isentas de maldade, naturais, diferentes daquelas que vamos encontrar quando a idade avança, porque joga-se à bola sem influências externas ao grupo de trabalho. Apesar de nos últimos anos ter promovido alguns Juniores a Seniores, o Leiria nunca irá muito longe, porque quem manda nas equipas de formação, muitas vezes, não são os treinadores mas outras pessoas.

Quem foi o teu primeiro treinador na U.D. de Leiria?
Foi o mister Fredy. Foi espectacular, exemplo do bem. Não tinha medo de enfrentar quem quer que fosse, ou a posição que tivesse dentro da estrutura do Leiria, em defesa dos seus atletas. Um verdadeiro campeão.

Como foi a tua integração na primeira equipa da U. D. de Leiria, já que encontraste uma equipa de Iniciados de segundo ano, e tu integraste a da Golpilheira no primeiro ano?
A integração foi boa e rápida. Mais rápida do que aquilo que eu pensava. Tínhamos um excelente grupo de trabalho. A coesão e a amizade no balneário era muito grande, o que proporcionou uma fácil e rápida adaptação.

Sei que na Golpilheira, embora no futebol de sete, os posicionamentos não sejam rígidos, como aconselham os entendidos. Gostavas de ser um jogador ofensivo, marcar golos, muitos golos. No Leiria, como foi?
No primeiro ano, joguei a ponta de lança, avançado centro. Confesso que não é a posição em que mais gosto de jogar. No primeiro ano de Juvenil, com o mister Bruno Roda, joguei a meio campo, tanto do lado direito como do lado esquerdo. É onde me sinto melhor (nesta época conquistámos a Taça Distrital de Juvenis). Gosto de sair de traz, com a bola controlada, para cima do adversário e criar situações de ruptura nas defesas contrárias, proporcionando aos meus colegas boas assistências. As posições de médio ala ou médio interior, penso que são os lugares aos quais me adapto e rendo mais. Na segunda época de Juvenil, com o mister Vitinha e depois com o mister Ricardo, joguei a médio centro.

E no Marinhense, em que posição jogavas?
No meu primeiro ano de Júnior, a disputar o Campeonato Nacional da Segunda Divisão, com o mister Tiago, joguei sempre em posições ofensivas. Treinava três vezes por semana, assim como no União de Leiria. Só que a distância entre Golpilheira e Leiria e Golpilheira e Marinha Grande não é a mesma. A deslocação, para poder aproveitar mais tempo para estudar, era feita em carro próprio. Foi a situação do transporte que originou o meu abandono da competição, mais ou menos a meio da época. A minha integração não foi difícil, até porque a linguagem futebolística é universal. Já na parte social poderá haver aqui e ali pequenos atritos, mas que se ultrapassam com o decorrer do tempo. Ao princípio até comecei por ser titular, tendo depois por diversos motivos ter perdido esta titularidade. No entanto, jogava, ou pouco ou muito, em quase todos os jogos.

Desde que ingressaste na U. D. de Leiria e A. C. Marinhense, como avalias a tua progressão, até este momento?
Tive uma boa evolução, já que trabalho sempre muito nos treinos com o objectivo de aprender e ser cada vez mais forte. Aprendi sempre com cada um dos treinadores que tive, apesar de cada um ter o seu método de trabalho, o que também é normal e natural.

Como te defines como jogador?
Boa visão de jogo, boa técnica e rápido. Bom remate com o pé direito, e estou a aperfeiçoar o remate com o pé esquerdo. Apesar de ter uma baixa estatura, penso que tenho um bom jogo de cabeça. Sou um batalhador nato, que nunca vira a cara à luta. Dou sempre tudo dentro do campo.

Apesar de teres abandonado a equipa Júnior do A.C. Marinhense na época passada, o que pensas fazer para a próxima, até porque ainda és um atleta Júnior?
Sinceramente ainda não sei. O factor que mais vai pesar na minha decisão é o meu percurso escolar. Vou para o 12.º ano e quero seguir para o Ensino Superior. Tenho objectivos já delineados e quero atingi-los. A informática é o meu sonho.

Pensas enveredar pelo profissionalismo, quando chegares à idade de sénior?
Não penso nisso agora, apesar de gostar muito de futebol, mas quero encontrar o meu futuro num curso superior.

Se conseguires um dia conciliar o futebol com os estudos, continuas a pensar tirar um curso superior?
Claro. É essencial ter mais de uma alternativa para trabalhar e ganhar o pão de cada dia, até porque a profissão de futebolista é efémera.

Qual o Clube onde foste mais feliz?
Foi na Golpilheira. Construímos ao longo dos anos uma família que ainda hoje perdura. Gostei também muito do meu primeiro ano no Leiria, especialmente pelo treinador que tive. Nos outros dois anos não fui tão feliz.

Qual o treinador, ou treinadores que mais te marcaram?
Foram três: Na Golpilheira, o Luís Rito e o Chalana. O Luís Rito, com o qual aprendi a dar os primeiro passos no mundo do futebol. O Chalana, que para mim e para todos os meus colegas não era apenas um treinador atento, mas também um amigo, com quem podíamos conversar. Ele ajudou-me a crescer como atleta e como homem. Sabia ouvir, compreender e aconselhar. No Leiria, sem dúvida, o Fredy. Apesar de ter tido com ele algumas salutares “picardias”, pois as nossas personalidades são muito idênticas, gostei muito do seu método de trabalho, a força e a confiança que transmitia para dentro do campo, a intensidade com que vive qualquer jogo. Conversava muito comigo, dando-me muitos e bons conselhos. Não se deixava influenciar por ninguém. Um ídolo para mim.

Para terminar, queres enviar alguma mensagem para os atletas dos escalões de formação do C. R. da Golpilheira?
A primeira coisa que tenho para vos transmitir é que dá sempre para conciliar o desporto com os estudos. Que se apliquem nos treinos, desfrutem destes anos únicos na vossa vida, que jamais vão esquecer. Nestas idades em que predomina a ausência de maldade, a simplicidade e a naturalidade, desfrutem bem dela. Oiçam com atenção os conselhos dos vossos treinadores. E não se esqueçam: no final dos jogos no mítico Campo das Barrocas, há bifanas para todos.

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