(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>Memórias – O primeiro dia de aulas: a preparação

>Memórias – O primeiro dia de aulas: a preparação

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>Mês de Setembro. Mês de regresso às aulas para uns, entrada pela primeira vez na escola para outros.
Enquanto os pais de agora têm como preocupação se os seus filhos levam a mochila e o caderno da moda, ou aquela que o menino mais gosta, nem que para isso falte noutro lado, nem há tantos anos assim, a preocupação era outra. Neste momento é assim que demonstramos o amor aos nossos filhos. Mas, adiante…
A minha intenção aqui é contar um pouco de como foi o meu primeiro dia de escola, para mim e para a maioria das crianças da minha idade. Claro que, a partir do dia em que a nossa mãe ia connosco à escola matricular-nos, havia dentro do nosso pequeno consciente uma alegria em conjunto com uma estranha ansiedade, pois as histórias que os irmãos mais velhos nos contavam nem sempre eram as melhores.
Chega finalmente o primeiro dia de aulas, lá para o princípio de Outubro, se a memória não me falha. Neste dia, a minha mãe tinha de preparar quatro filhos para a escola. A preocupação era levarmos as mãos bem lavadas e as unhas limpas. As mãos ainda iam bem lavadas, agora as unhas… era uma tarefa mais difícil, porque ao ajudar os pais na terra e ao brincar nela, esta entranhava-se. As orelhas também eram um grande ponto de referência, pois os professores puxavam-nas e não deveriam notar sujidade, não fossem as mães levar um raspanete por falta de higiene.
Já preparada com muitos dias de antecedência estava, não a mochila, pois nessa altura nem conhecíamos tal palavra, mas sim a “saca da escola”, que para a maioria era uma saca de pano em tom verde-tropa, rectangular mais ou menos ao jeito dos livros, com duas pegas para segurarmos na mão. Também fazia parte da nossa indumentária uma saquinha de pano para levarmos o lanche.
Finalmente, as batas brancas que, pelo menos no primeiro dia, deviam estar bem lavadas, engomadas e sem a falta de botões. Para muitos, a bata era nova, mas eu não tive essa sorte. Coube-me vestir uma bata que já era da minha irmã mais velha. Mesmo assim, sentia-me muito importante. Depois, com muita pontualidade, lá ia eu com a minha mãe até à escola. Aí também encontrei muitas crianças que partilhavam comigo a ansiedade do primeiro dia.
E eu, que quando saí de casa bem lavada e penteada e com a minha batinha, que até me parecia branca, olhava com inveja para aquelas meninas que vestiam batas novas, que eram tão, mas tão brancas, que a minha ao pé das mesmas parecia amarela. Contudo, foi um dia muito especial.
Um bom ano escolar para todos!
E até breve, com mais memórias…
Filomena Monteiro

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