>As contas a nível nacional são difíceis de fazer: o PSD, incluindo as várias coligações, conquistou mais câmaras municipais (139 contra 132 do PS), mais maiorias absolutas (132 contra 119 do PS) e mais presidências de junta (1926 contra 1577 do PS) e mais votos no total (2.142.566 contra 2.084.382 do PS na votação para as câmaras); mas a verdade é que o PS não concorreu em qualquer coligação e, se contarmos apenas onde o PSD se apresentou sozinho, os números deste partido passam a ser de 117 câmaras, 112 maiorias absolutas, 1530 presidentes de junta e apenas 1.270.137 votos no total para as câmaras municipais, pelo será o PS o vencedor do confronto directo.
De qualquer modo, os resultados globais pouco importam neste caso, pois trata-se da eleição de governantes locais e é em cada concelho e em cada freguesias que importa analisar os dados. Até porque nas autárquicas, em muitos casos, contam mais as pessoas do que os partidos para motivar o voto dos eleitores.
Distrito
Pela primeira vez na sua história, a Câmara de Leiria vai ter um presidente do PS. A proeza foi alcançada por Raul Castro, ex-presidente da autarquia batalhense, nesta que já era a terceira tentativa de conquistar este bastião do PSD a Isabel Damasceno. De salientar ainda no concelho de Leiria a reviravolta em muitas das suas freguesias, tradicionalmente do PSD, onde o PS conseguiu importantes vitórias, como a Maceira, as Cortes, os Marrazes, etc.
Para além desta (Raul Castro – 44,86%), serão do PS os presidentes de mais três autarquias do Distrito: Castanheira de Pêra (Fernando Lopes – 49,12%), Marinha Grande (Álvaro Pereira – 36,09%) e Porto de Mós (João Salgueiro – 58,88%). A CDU mantém a Câmara de Peniche (António Santos – 44,08%), enquanto que as restantes onze câmaras serão do PSD: Alcobaça (Paulo Inácio – 44,93%) Alvaiázere (Paulo Morgado – 50,72%), Ansião (Rui Rocha – 62,58%), Batalha (António Lucas – 68,26%), Bombarral (José Vieira – 49,89%), Caldas da Rainha (Fernando Costa – 50,47%), Figueiró dos Vinhos (Rui Silva – 55,38%), Nazaré (Jorge Barroso – 48,03%), Óbidos (Telmo Faria – 68,47%), Pedrógão Grande (João Marques – 68,44) e Pombal (Narciso Mota – 65,79%).
Concelho
Na Batalha, o PSD ganhou tudo com maioria absoluta, desde a Câmara e Assembleia Municipal às quatro Juntas de Freguesia.
No caso da Câmara Municipal, António Lucas garantiu a reeleição para o seu 4º mandato, com a expressiva margem de 68,26% e cinco mandatos no executivo. O PS garantiu a manutenção de Francisco Meireles na vereação, com 14,13% dos votos. O CDS-PP conseguiu a eleição de Horácio Francisco para a autarquia, com um resultado de 11,97%, muito graças ao grande resultado deste partido em S. Mamede (21,3%), ao contrário do que sucedeu ao PS (5,56%). A mesma situação se verificou na votação para a Assembleia Municipal, o que poderá estar relacionado com o facto de o PS não ter apresentado ali uma lista à Assembleia de Freguesia. Quanto à CDU, José Valentim não foi além dos 1,69%, ficando sem qualquer representação nos órgãos autárquicos.
Na noite eleitoral, António Lucas agradeceu à população mais esta vitória, “com uma prova inequívoca de confiança nos candidatos do PSD e nas políticas que iremos prosseguir” e, quanto à perda de um vereador para o CDS-PP, referiu apenas a esperança de que “venha para trabalhar em prol do concelho e não para complicar”.
Na composição da Assembleia Municipal verificaram-se percentagens semelhantes, embora com maior transferência de votos do PSD para os restantes partidos. Assim, o PSD elegeu 14 deputados (61,18%), o PS 4 (16,64%) e o CDS 3 (14,67%).
A mesma tendência se verificou nas votações para as Assembleias de Freguesia, conforme se poderá ver pela consulta nos quadros anexos.
Freguesia
Analisando mais concretamente os resultados na Golpilheira, verificou-se ter sido esta a freguesia onde o PSD conseguiu os seus melhores resultados, registando-se uma subida em todos os valores, relativamente às eleições de 2005. Assim, este partido teve 71,81% (69,24% em 2005) para a Câmara Municipal, 66,14% (60,78% em 2005) para a Assembleia Municipal e 63,45% (43,9% em 2005) para a Assembleia de Freguesia, onde elegeu 7 mandatos. Carlos Santos, o presidente reeleito ao 2.º mandato, referiu na noite eleitoral que “este aumento tão expressivo dos votos na nossa equipa só significa o aumento de responsabilidade perante as pessoas” e prometeu “continuar a trabalhar como até aqui pelo desenvolvimento da freguesia”.
O PS foi o segundo partido mais votado, também com subidas nos valores para a Câmara (17,93% em 2009 – 12,70% em 2005) e para a Assembleia Municipal (22,01% em 2009 – 16,98% em 2005), mas com uma ligeira descida para a Assembleia de Freguesia (24,8% em 2009 – 26,10% em 2005), mantendo no entanto os dois membros que tinha no mandato anterior.
Quanto ao CDS-PP, relativamente a 2005, desceu significativamente em todos os indicadores, com 6,57% para a Câmara (11,43% em 2005), 7,87% para a Assembleia Municipal (13,56% em 2005), e 7,47% para a Junta (22,87% em 2005). Em virtude destes resultados, o partido perdeu os dois membros que tinha no anterior mandato e deixou de ter qualquer representante na Assembleia de Freguesia.
Os votos da Golpilheira no PCP para os órgãos concelhios mantiveram-se em valores residuais, a rondar 1%.
Tal como nas legislativas, destacamos nestas eleições a percentagem de 73,50% de participação da população. Assim, a abstenção de 26,50% foi a mais baixa de todas as freguesias do concelho, longe da média concelhia de 38,47%, e mais ainda das médias distrital (42,62%) e nacional (40,99). Um sinal de maturidade democrática e sentido de responsabilidade cívica que não podem deixar de nos orgulhar.
Luís Miguel Ferraz
Candidatos à Junta da Golpilheira comentam as eleições…
Anabela Lopes – CDS/Independentes
Decorridas que estão as eleições autárquicas, é tempo de analisar os resultados e a partir daí encarar os compromissos dos próximos 4 anos de governação que se aproximam. Sem sombra de dúvida, que estamos perante um concelho “laranjinha”, que inevitavelmente consegue contagiar todo o seu “sumo” às freguesias por que é composto. A candidatura do CDS/Independentes à freguesia da Golpilheira, desde sempre soube que contra esta maré nem sempre é fácil de remar, independentemente de quem são os adversários. Desconheciam-se sondagens, mas os números já existentes de outros campeonatos falavam por si. Merecidos ou não os votos, o povo lá sabe. O povo é soberano e só a ele coube decidir. Neste caso em concreto, decidiu por não arriscar e deixar estar como está: o PSD conseguiu renovar a maioria absoluta, elegendo 7 mandatos, o PS manteve os 2 (aliás é curioso que manteve praticamente inalterado o número de votos em relação a 2005), enquanto o CDS/Ind. acabou por perder os 2 mandatos na assembleia de freguesia para o PSD. No que respeita às restantes listas do concelho, o CDS/Independentes saiu bastante vencedor: ganhou 1 vereador que não existia, em S. Mamede passa a governar com 4 mandatos contra 5 do PSD e na Assembleia Municipal, pese embora tenha mantido o mesmo número de mandatos, mais do que duplicou o número de votos.
Reconheço e aceito perfeitamente a derrota na nossa freguesia, no entanto, e se calhar ao contrário do que muitos pensam, muitos dos objectivos da nossa candidatura foram alcançados. Nem sempre os objectivos máximos vão de encontro à liderança absoluta, pois considero essencial, em qualquer estado que se preze, a não existência de maiorias absolutistas e muito menos de apenas uma força política. Não esqueçamos ainda, que nem sempre as lideranças originam vitórias. Muito se trabalha, muito se sabe e muito se conhece, mas acima de tudo muito se aprende…
Espero apenas que sejam assumidas as responsabilidades e que se faça o melhor possível pela nossa freguesia.
José Carlos Ferraz – PS
O resultado das eleições surpreendeu, na minha opinião, pela grande diferença na distribuição dos votos entre os três partidos concorrentes.
O objectivo de obter uma maior participação na Junta de Freguesia não foi conseguido. Elegemos apenas 2 elementos contra 7 eleitos pelo PSD, tendo o CDS acabado por perder os que tinha no mandato anterior.
O CDS apresenta-se nos próximos 4 anos sem qualquer representação, o que é mau para o debate mais alargado de ideias e de decisões que venham a ser propostas à análise, aprovação e votação da assembleia.
Considero que a construção da Junta de Freguesia no último ano de mandato, possível com o apoio e aprovação da Assembleia de Freguesia, foi um bom trunfo e decisivo, na minha opinião, para o resultado obtido pelo PSD.
Sei que ainda é difícil para alguns votar PS, e mais difícil é obter a aceitação quando formulamos o convite de participação numa lista pelo PS, mas com o tempo e conforme tem acontecido nas freguesias vizinhas, esta situação também aqui se alterará.
O facto que considero mais positivo em relação às eleições e de maior importância foi o aparecimento em todas as listas de muitas caras novas e jovens, facto que deve encher de orgulho todos os golpilheirenses.
Para os próximos 4 anos, o meu compromisso é participar com a Junta de Freguesia o melhor possível.
Resta-me agradecer a todos os que votaram na nossa equipa e também aos que nos apoiaram, mas não votaram, para todos os melhores cumprimentos.
Carlos Santos – PSD
Aproveito este momento para destacar a forma correcta com que as outras candidaturas se apresentaram. Houve respeito e foi uma campanha com elevado sentido de responsabilidade.
No entanto, pela negativa, outras afirmações se fizeram ouvir na praça pública, cuja origem não veio de nenhum elemento das listas, mas sim de outras personalidades, que em vez de passarem a opinar construtivamente, preferem continuar a fazer “politiquice” absurda, mesmo estando já arredados da participação cívica há alguns anos.
Os resultados espelham que estas pessoas estavam erradas. O melhor resultado de sempre de uma lista candidata à Freguesia, só deposita na nossa equipa mais responsabilidade, e tudo faremos para não defraudar as expectativas.
O nosso programa foi amplamente divulgado e será com empenho que e a colaboração de toda uma freguesia que os objectivos serão cumpridos.
Saliento também a excelente vitória do António Lucas à Câmara Municipal. Não é normal que na quarta candidatura ao mesmo órgão, se aguentem os índices de votação assinalados (a rondar os 70%). De certo que continuaremos a ter a dirigir o município um amigo da Golpilheira, mas que deverá continuar a pensar no concelho como um todo, gerando equilíbrio sustentado entre as freguesias, compensando os elevados diferenciais financeiros das suas Juntas.