>Por Ana Maria Henriques, Enfermeira
Sopa
A frase “somos aquilo que comemos” já foi decerto muito ouvida, mas muitas vezes, também, ignorada. A alimentação – os alimentos que escolhemos ingerir durante todo o dia – é que determina a nossa energia ao longo do dia, a nossa regularidade e sanidade intestinal, a beleza da nossa pele, dos cabelos e até à cor da nossa urina. É importante percebermos que uma escolha tão corriqueira e frequente tem uma enorme influência sobre a nossa saúde.
A sopa é o alimento mais antigo de que há conhecimento, havendo indícios de alimentos parecidos na pré-história. É o primeiro alimento introduzido na alimentação e, por vezes, o último que consegue ser digerido na velhice. Este prato simples e fácil de confeccionar é uma fonte alimentar com elevada riqueza nutricional. É uma excelente fonte de produtos hortícolas, sendo recomendado o consumo diário de 400g destes de produtos. É importante para o efeito de saciedade e na manutenção do peso ideal (pelo seu baixo teor calórico), para as pessoas que sofrem de falta de apetite ou têm dificuldade em digerir, para os idosos ou ainda para controlar a ingestão compulsiva de alimentos nas crianças.
São vários os benefícios deste alimento, como os que são apresentados seguidamente. É rica em vitaminas, minerais e antioxidantes (tão procurados nas farmácias), tem também um apreciável teor de fibras, idealmente combinadas com água para uma maior saciedade e um melhor funcionamento intestinal. Nas crianças, constitui muitas vezes a única possibilidade de ingestão de vegetais. Permite aproveitar vitaminas e minerais que se perdem quando se desperdiça a água de cozedura e é pouco alergénica, havendo fraca probabilidade de provocar alergias. Não contém as moléculas agressivas que se formam noutros processos de confecção (como nos fritos ou nos grelhados na brasa). Proporciona ao organismo um bom aproveitamento dos seus nutrientes e é de fácil digestão. Por ser um alimento com grande volume, sacia rapidamente, ao mesmo tempo que contém poucas calorias, sendo, por isso, um importante alimento na prevenção e combate à obesidade. A sopa contribui também de forma significativa para a satisfação das nossas necessidades diárias de água e tem um papel importante nos mecanismos de regulação dos níveis de colesterol sanguíneo.
As vitaminas e minerais são essenciais por fazerem parte da composição de várias estruturas, como órgãos, músculos, ossos e sangue. As fibras alimentares facilitam o esvaziamento intestinal permitindo que as bactérias do nosso intestino façam o seu trabalho de eliminação o mais rapidamente possível. Os antioxidantes funcionam como protectores do organismo, porque impedem o desenvolvimento anormal de células que podem dar origem a doenças.
Sabe-se que é diferente consumir os produtos hortícolas crus ou cozinhados. A cozedura amolece as fibras e disponibiliza o aproveitamento superior de vitaminas e minerais. Cozinhados em água, alguns destes nutrientes dissolvem-se, pelo que a sopa permite um aproveitamento muito completo do conteúdo nutricional dos alimentos utilizados.
Portugal é o primeiro consumidor de sopa da Europa e o terceiro a nível Mundial. A nossa gastronomia é tradicionalmente uma gastronomia de sopas, sendo que muitos dos pratos hoje utilizados como principais derivaram de sopas. Ensopados, caldeiradas, jardineiras são exemplo de sopas mais “secas”, porque diminuíram o seu conteúdo em água.
Assim, podemos concluir que este alimento é essencial para uma alimentação saudável. É fácil e barato na confecção, prático (pode ser guardado no frigorífico) e preenche grande quantidade das nossas necessidades diárias de nutrientes. Por isso, é necessário relembrar as receitas antigas e aumentar o nosso consumo de sopa, começando cada refeição principal com este super-alimento.