(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>A confirmação do Santo Condestável

>A confirmação do Santo Condestável

>Canonização de
D. Nuno Álvares Pereira
pode estar para breve

O nome de Nuno Álvares Pereira ficará para sempre ligado à conquista da independência nacional, na batalha de Aljubarrota, como comandante da heróica vitória sobre as hostes castelhanas, em 14 de Agosto de 1385. Está, por isso, igualmente ligado à vila da Batalha, coração desse histórico renascer de Portugal, e ao seu Mosteiro, monumento que o perpetua em rendilhadas pedras de portentosa homenagem à Virgem Santa Maria da Vitória – não apenas de Aljubarrota, mas de todas as vitórias do Homem, da Liberdade e do Amor (a Deus e ao próximo).
Mas D. Nuno permanecerá nos anais, também como um dos mais ilustres e ricos nobres de Portugal, que tudo deixou para se refugiar na humildade do hábito carmelita, em oração devota a Deus e serviço benemérito e solícito aos mais pobres do reino terrestre, vivendo a sua própria pobreza como uma batalha para a conquista do Reino celeste. Foram, por isso, os pobres os primeiros a aclamá-lo como Santo Condestável, séculos antes de o Papa Bento XV o beatificar, em 23 de Janeiro de 1918, com dia festivo no calendário litúrgico da Igreja em 6 de Novembro. O processo de canonização encontra-se aberto e activo desde 1940, e parece estar a poucos passos de ser concluído, confirmando, assim, esse título de Santo que o povo lhe atribui. É caso para dizer que “antes de o ser já o era”.
A notícia foi recebida com aplausos por cerca de uma centena de participantes na missa que marcou o início das celebrações dos 622 anos da batalha de Aljubarrota, no Mosteiro da Batalha (ver aqui).

Não se trata, ainda, de uma confirmação absoluta, nem se prevê sequer a data em que possa ocorrer. Mas, segundo frei Francisco Rodrigues, padre carmelita e vice-postulador da Causa para a Canonização do Beato Nuno de Santa Maria, “tudo aponta para o final feliz deste caminho, pois o milagre que o sustenta já foi confirmado e aceite pelo Vaticano”. O sacerdote esclareceu que “os documentos históricos que acompanham o processo estão impressos e corrigidos, faltando apenas o parecer das comissões histórica e teológica para a decisão final do prefeito da Congregação para as Causas dos Santos”, o cardeal português D. José Saraiva Martins.
Tudo leva a crer, portanto, que a canonização “poderá estar para breve”, como acredita Carlos Evaristo, filho da miraculada e um dos organizadores destas comemorações oficiais. Em conversa com o Jornal da Golpilheira, este habitante de Ourém recordou emocionado o acontecimento que serve de prova fundamental para este processo: “A minha mãe sofreu um acidente com azeite a ferver, que lhe queimou gravemente o olho esquerdo. O tratamento médico revelou-se impossível, mas após várias novenas ao Beato Nuno, recuperou a vista miraculosamente, no dia 7 de Dezembro do ano 2000”. Isso mesmo terão confirmado, agora, os peritos médicos que analisaram os factos: a medicina registou a lesão provocada, reconheceu não haver qualquer possibilidade médica de a reparar e comprovou depois a cura, atribuída pela doente à acção divina, por intercessão do Santo Condestável.
Este é um dos passos fundamentais para a Igreja reconhecer um dos seus fiéis como Santo, isto é, “que praticou heroicamente as virtudes e viveu na fidelidade à graça de Deus” e é digno de ser “modelo e intercessor” junto de Deus para os outros fiéis (cf. Catecismo da Igreja Católica, 828).
Assim, podemos, de facto, estar prestes a ver mais um português a juntar-se ao coro do Santos oficialmente reconhecidos. Será motivo de festa para a Igreja, e para nós em especial, dada a proximidade história e emotiva que temos de D. Nuno, nos nossos monumentos, na nossa história e na nossa devoção.
Luís Miguel Ferraz

Em memória de D. Nuno – Excerto da homilia de Frei Francisco Rodrigues
D. Nuno Álvares Pereira, na sua educação esmerada aprende a integrar os valores humanos, cívicos e espirituais, que nortearão sempre a sua actuação em todas as vicissitudes da sua vida. Homem que sabe não perder tempo, pois o gasta no serviço da Pátria, dos Irmãos e de Deus, através da Oração e da vivência das virtudes.
O Beato Nuno de Santa Maria foi guerreiro por causa da independência de Portugal para continuar a ser a «Nação Fidelíssima» aos costumes morais e à Igreja. Foi monge porque entende que a sua vida só teria sentido se fosse totalmente entregue ao Seu Senhor e à sua Dama, Maria Santíssima. Foi “Pai dos pobres”, porque sendo o homem mais rico da Pátria tudo partilhou, ficando só com a roupa que tinha no corpo, à imagem de Cristo que “sendo rico se fez pobre”, e passou o resto da sua vida calcorreando as ruas da cidade de Lisboa angariando esmolas para os pobres, coisa que o Rei não permitiu. Porém não o impede de na porta do convento do Carmo e nas casas, tratar de todos quantos necessitavam de apoio, material ou espiritual.
Portugal tem que se preparar para a sua canonizaçãb, aproveitando a sua ajuda, porque o que fizermos neste capítulo ele, no céu, será um nosso grande aliado em tudo o que fizermos a favor da irradicação da pobreza e da igualdade dos homens que ele sempre respeitou e fez o seu exército respeitar, fossem amigos ou contrários.
Hoje em dia que os homens pensam quase só no poder, no possuir, muitas vezes ultrapassando até os direitos mais elementares, nós portugueses temos de olhar para o Beato Nuno e mudar de atitudes, se queremos voltar a ser uma “nação fididelíssima” aos princípios que sempre a orientaram.
O Beato Nuno foi um exemplo claríssimo das virtudes cristãs, que pelo espaço que temos não podemos aprofundar, mas não desisto de as nomear: (1) o amor que tinha a Deus que norteava a sua vida e que concretizava na Eucaristia, comungando as vezes que a Igreja permitia (4 por ano), participando em duas missas todos os dias, mesmo em campanha, e aos domingos três. (2) A devoção à Virgem Maria, Senhora Nossa Mãe, a quem tudo oferecia, e sempre visitava os seus santuários e que diante da imagem da Virgem derramava copiosas lágrimas, pedindo-lhe para si e para os outros os seus favores. (3) A obediência, ligada à humildade e simplicidade, considerando os outros mais importantes que a sua própria pessoa. (4) A Oração, ou melhor dizendo, a vida toda passada pela oração, admirada por todos que fazia que muitos o quisessem imitar e que depois de religioso estreitou mais a familiaridade com o Senhor. (5) Os exercícios de mortificação e penitência sempre estiveram presentes na vida do Beato Nuno. (6) A caridade, que é a concretização das virtudes na vida humana era o que informava toda a sua vida.
(…)
É assim uma vida repleta de Deus e do bem, sendo gasta pelos outros que prepara a vivência com Deus depois da morte. O Beato Nuno no céu continua a amar a sua Pátria e a proteja-la e a ser um constante apelo a favor dos pobres e desvalidos da sociedade, desde as crianças, jovens, adultos e idosos.
Será só de justiça vê-lo em breve no Catálogo Universal dos Santos, se nós tudo fizermos para o merecer.

Quem foi Nuno Álvares Pereira?
Nasceu na vila de Cernache do Bonjardim, concelho da Sertã, a 24 de Junho de 1360. Era filho de Álvaro Gonçalves Pereira e de Iria Gonçalves do Carvalhal. Casou com Leonor de Alvim em, em 1377 em Vila Nova da Rainha, freguesia do concelho de Azambuja. Morreu no convento do Carmo, em 1 de Novembro de 1431. Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em “Os Lusíadas”.
Militar
Como general português, o seu papel mais notável e fundamental foi desempenhado durante a crise de 1383-1385, onde a independência de Portugal para com Castela esteve em risco.
Quando o rei Fernando de Portugal morreu, em 1383, sem herdeiros a não ser a princesa Beatriz, casada com o rei João I de Castela, Nuno foi um dos primeiros nobres a apoiar as pretensões de João, o Mestre de Avis, à coroa. Apesar de ser filho ilegítimo de Pedro I de Portugal, João afigurava-se como uma hipótese preferível à perda de independência para os castelhanos. Depois da primeira vitória de Álvares Pereira frente aos castelhanos, na batalha dos Atoleiros, em Abril de 1384, João de Avis nomeia-o Condestável de Portugal e Conde de Ourém.
Mas o génio militar de Nuno Álvares Pereira viria a ser ainda mais decisivo na Batalha de Aljubarrota. A 6 de Abril de 1385, João é reconhecido pelas cortes reunidas em Coimbra como Rei de Portugal. Esta posição de força portuguesa desencadeia uma resposta à altura em Castela. João de Castela invade Portugal, com vista a proteger os interesses de sua mulher Beatriz. Álvares Pereira toma o controlo da situação no terreno e inicia uma série de cercos a cidades leais a Castela, localizadas principalmente no Norte do País. A 14 de Agosto, trava a célebre batalha de Aljubarrota, comandando um pequeno exército de 6.000 portugueses e aliados ingleses, contra as 30.000 tropas castelhanas. A batalha viria a ser decisiva para o fim da instabilidade política de 1383-1385 e para a consolidação da independência portuguesa.
Finda a ameaça castelhana, Nuno Álvares Pereira permaneceu como condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos. Entre 1385 e 1390, ano da morte de João de Castela, continuou a realizar ofensivas contra a fronteira de Castela, com o objectivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques.
Do seu casamento com Leonor de Alvim, o Condestável teve apenas uma filha, Beatriz Pereira de Alvim, que se tornou mulher de Afonso, o primeiro Duque de Bragança, sendo assim um dos antepassados da actual casa real portuguesa.
Religioso
Como Condestável do reino de Portugal, foi militar invencível; mas, vencendo se a si mesmo, após a morte da sua mulher, em 1423, vestiu o hábito de carmelita, no Convento do Carmo, que ele próprio fundara em cumprimento de um voto. Toma o nome de Irmão Nuno de Santa Maria, dada a sua grande devoção e confiança para com a Santíssima Virgem Maria. Sentia grande satisfação em pedir esmolas pelas portas, desempenhar os ofícios mais humildes na casa de Deus, e mostrou sempre grande compaixão e liberalidade para com os pobres, até à sua morte, com 71 anos de idade.
Durante o seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a independência de Portugal.
Há também uma história apócrifa, em que Dom João de Castela teria ido ao Convento do Carmo encontrar-se com Nuno Álvares, e ter-lhe-á perguntado qual seria a sua posição se Castela novamente invadisse Portugal. O irmão Nuno terá levantado o seu hábito e mostrado, por baixo deste, a cota de malha (traje militar), indicando a sua disponibilidade para servir o seu país sempre que necessário.
O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terramoto de 1755. O seu epitáfio era: “Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo”.
(Dados biográficos retirados de Wikipédia.com)

PUB
Ad 13
Partilhar/enviar/imprimir esta notícia:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.