>Esta triste praga está a aumentar todos os dias, com uma força assustadora e inimaginável há alguns anos. A insolvência e a falência das empresas, umas por não se terem modernizado, outras pelo factor “economia global”, outras por falta de apoio das instituições financeiras, menor interesse dos empresários, ditadura fiscal, etc. Infelizmente, o fecho de empresas tem sido ao ritmo de dez por dia. São dezenas, centenas e até milhares de operários lançados para o desemprego diariamente. Destes, muitos vão beneficiar temporariamente do Fundo de Desemprego. Mas este vai ter o seu fim. Trabalho não se encontra. Emprego muito menos.
Perante este drama, o que fazer? Esta realidade é cada vez mais assustadora, porque não se vislumbra uma luz ao fundo do túnel. Uma empresa, que hoje tem uma boa estrutura de produção, sólida financeiramente, competitiva, inesperadamente, amanhã pode estar em grandes dificuldades. É esta insegurança que faz andar empregados e patrões com o coração nas mãos. Neste momento, não se podem fazer projectos a médio ou longo prazo, porque de um dia para o outro a situação pode mudar. Quem tem um emprego seguro hoje, amanhã poderá estar no desemprego.
É esta insegurança que faz andar as pessoas tristes e apreensivas quanto ao futuro. Mesmo que procuremos contribuir para que esta situação melhore, sentimo-nos impotentes para tal, uma vez que os governos, as grandes empresas e os bancos é que ditam as leis. Há formas para que esta crise possa ser atenuada, e essa é uma responsabilidade do Governo. É preciso descer os impostos, suavizar as cobranças coercivas por parte do fisco, facilitar às empresas o pagamento de dívidas ao Estado, de maneira a que estas não fiquem asfixiadas. Não é penhorar por tudo e por nada que as coisas se resolvem. As pessoas e as empresas ficam mais pobres, mas o estado também não fica mais rico. Neste momento, ainda o que é mais eficaz, infelizmente, é a (in)justiça fiscal. São rápidos a tentar receber, utilizando todos os meios ao seu alcance. Não há dinheiro, penhora-se. Na segurança social é a mesma coisa. pois desta forma é muito fácil trabalhar. E na justiça? Na saúde? Na segurança dos cidadãos? São alguns pequenos exemplos. Todos nós sabemos o que se passa neste pobre país, à beira mar plantado. É uma vergonha. Dos casos bastante badalados, que se arrastam há alguns anos, ainda nenhum teve condenação. Pelo andar da carruagem, vão ser todos arquivados. Será que é muito difícil condenar um pedófilo? Será que é muito difícil condenar um violador? Será difícil condenar um burlão ou uma burlona? Será difícil condenar um corrupto? Resumindo: fácil é condenar aquele que por diversas razões não pagou ao fisco e à segurança social.
Manuel Carreira Rito