(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>Presidente da República inaugurou Museu com banho de multidão

>Presidente da República inaugurou Museu com banho de multidão

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>Batalha foi o primeiro concelho a receber Cavaco Silva neste    segundo mandato

Várias centenas de pessoas fizeram questão de receber com aplausos o Presidente da República, no passado dia 2 de Abril, em frente aos Paços do Concelho da Batalha. Cavaco Silva, acompanhado pela esposa, deslocou-se à vila heróica para a inauguração oficial do Museu da Comunidade Concelhia da Batalha (MCCB), um espaço que abriu portas ao público há cerca de dois meses e recebeu já mais de 2500 visitantes. Na recepção, cerca das 11h00, foi saudado pelos convidados oficiais e representantes de associações e outras forças vivas concelhias, mas foi aos muitos populares, e sobretudo ao numeroso grupo de crianças presentes, que o Presidente dedicou especial atenção e algumas conversas mais demoradas. O momento foi coroado com o toque do Hino Nacional, pela Filarmónica das Cortes, enquanto os Bombeiros Voluntários da Batalha, em parada, faziam a guarda de honra.
António Lucas defendeu “serviço público” do poder local
A comitiva oficial dirigiu-se depois ao salão nobre da autarquia, onde decorreu a sessão de boas-vindas. António Lucas, presidente da edilidade, fez as honras da casa, salientando a honra da visita do mais alto representante da Nação para a inauguração deste novo equipamento cultural, “pequeno em dimensão, mas grande em conteúdo, em informação e conhecimentos, em motivações diversas para que os visitantes sintam vontade de permanecer mais tempo no nosso Concelho”. Um museu onde se destacam “as condições para receber todas as pessoas, equipado com as mais inovadoras tecnologias na disponibilização de diversas ajudas técnicas inclusivas”, que permitem a visita “de forma autónoma a invisuais, deficientes motores, surdos e mudos”. António Lucas referiu ainda tratar-se do resultado de “uma larga parceria, envolvendo dezenas de entidades e pessoas”, num investimento de cerca de um milhão de euros financiado pelo QREN.
O autarca não deixou de lembrar os “tempos difíceis” que vivemos, defendendo que “têm de ser transformados em tempos de esperança e de novas oportunidades” e que “os cidadãos merecem que as instituições públicas passem a fazer parte da solução, contrariando o que tem acontecido”. Em tom mais incisivo, António Lucas afirmou que “os problemas do País resolver-se-ão naturalmente” se os que têm responsabilidades políticas interiorizarem que “o serviço público é para resolver e dar resposta aos problemas dos cidadãos e não para resolver e dar resposta aos problemas de quem o serve”. Nesse sentido, criticou o facto de “sempre que existe necessidade de implementar medidas restritivas, em primeiro lugar aparecem de imediato o cidadão comum e as Câmara Municipais, ou seja, os elos mais fracos”. E lembrou que “em 2010 os municípios contribuíram favoravelmente para o deficit, com um superavit de cerca de 80 milhões de euros”, quando “só a dívida da Refer é superior à totalidade das dívidas das 308 Câmaras Municipais”.
Salientando que os municípios têm vindo a assumir responsabilidades do poder central, nomeadamente na área social, o autarca deu alguns exemplos dos apoios que a Câmara oferece aos idosos na comparticipação de medicamentos, aos doentes com a cedência em tempo útil de equipamentos técnicos e aos voluntários das IPSS e associações culturais com a oferta de um seguro de responsabilidade civil. Exemplos que provam a “injustiça dos cortes nas transferências para as autarquias”, levando a que “pague o justo pelo pecador”.
A terminar, o presidente da Câmara desejou a Cavaco Silva “as maiores felicidades para o mandato que agora se inicia”, reconhecendo que “será difícil, dada a conjuntura em que o País se encontra”, mas acreditando que “tudo fará para que os cidadãos mais desfavorecidos sofram o mínimo possível e a senda do desenvolvimento regresse rapidamente”.
Cavaco Silva elogiou dinamismo e “olhar social” da autarquia
Em resposta, o Presidente da República não se alongou em considerações sobre a crise e os seus impactos no poder local. Cavaco Silva começou por referir que este era o primeiro concelho que visitava neste seu segundo mandato, em resposta a um convite da autarquia, depois de ter estado já diversas vezes na Batalha, mas sempre para participar em cerimónias militares no Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Considerando ser um concelho com “taxa de desemprego não muito elevada, uma economia relativamente dinâmica e diversificada, boas acessibilidades no eixo fundamental entre Lisboa e o Porto e com condições para vencer as dificuldades ao mesmo tempo que protege os mais desfavorecidos”, o Presidente da República elogiou o esforço da autarquia na “promoção do empreendedorismo local”, mas também “pelo olhar que tem dirigido aos mais frágeis” da sociedade. “É a vantagem da proximidade, de conhecermos as dificuldades daqueles que estão na porta ao lado”, afirmou Cavaco Silva, sublinhando que “nada melhor que o poder local para realizar a entreajuda àqueles que, numa situação difícil como aquela que atravessamos, se podem encontrar numa situação de privação”.
Quanto ao Museu que iria inaugurar daí a instantes, o Presidente da República manifestou-se agradado com a designação de “museu da comunidade concelhia”, um caso raro ou único no País, o que “mostra bem esta proximidade de um equipamento cultural com a população”, deixando votos de sucesso para a promoção turística e desenvolvimento económico associado.
Depois da visita ao Museu… o aviso de “paulada”
Num breve périplo pela vila até ao MCCB, aberto pela fanfarra dos Bombeiros da Batalha, um novo banho de multidão acompanhou o Presidente, que foi acolhido à porta do Museu pelo grupo Gaitilena. Já no interior, o Presidente descerrou a lápide inaugural, seguindo-se a visita da comitiva ao novo espaço museológico, guiada por alguns membros da respectiva equipa técnica e científica.
O casal presidencial não poupou elogios à “modernidade e excelência” do espaço, ao “valor do espólio e das obras” ali reunidas e ao “modo como o passado histórico serve para levar os visitantes a compreender a actualidade deste concelho e, mesmo, a projectar o seu futuro”. Mais uma vez, a inclusão esteve em destaque, com um deficiente visual a mostrar a forma como pode “ver” e usufruir em pleno da informação ali reunida.
No final, houve ainda tempo para um “saltinho” à galeria municipal Mouzinho de Albuquerque, onde Cavaco Silva inaugurou a exposição “A Forma do Traço”, de António Viana.
Já a caminho do almoço, passando junto ao Mosteiro, os presentes puderam assistir ao Jogo do Pau, uma “arte marcial portuguesa” recriada pelo rancho folclórico Rosas do Lena, em que os homens lutam com varapaus em defesa das suas damas. O presidente apreciou a “dança” e quis saber se “isso não dói”, adivinhando depois o sentido da tradição: “é normal… depois de beberem uns copos, havia paulada”.
Foi assim a sua despedida aos batalhenses, quem sabe se em forma de metáfora para o actual estado de coisas pela República. É que momentos antes, em conversa informal com os jornalistas, Cavaco tinha referido que não deviam falar mais em FMI, mas sim em FEEF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira). Mudando as siglas, não se mudava o facto que dias depois se confirmava, com o Governo português a recorrer à ajuda externa para responder à grave crise nacional. É caso para dizer que o Presidente já sabia que, depois do regabofe dos últimos anos, vinha aí… paulada.
Luís Miguel Ferraz
MCCB já recebeu mais de 2500 visitantes
O MCCB já foi visitado por mais de 2500 pessoas. O número representa a boa aceitação que o Museu obteve junto dos munícipes do concelho da Batalha e dos concelhos limítrofes, entre os quais se contam muitos alunos das escolas, dado o interesse educativo que este espaço representa, apostando-se num contínuo programa pedagógico com as instituições escolares. Dividido por seis áreas temáticas, é uma ilustração excelente da história deste território, através de uma interessante e dinâmica viagem que percorre o passado, vive o presente e se projecta no futuro.
Entradas gratuitas para batalhenses até Abril
Desde que abriu ao público e até ao final do corrente mês, os visitantes que sejam residentes ou naturais do concelho da Batalha têm entradas gratuitas no MCCB. Com esta iniciativa, pretende-se que os munícipes desfrutem de um novo espaço cultural que regista as memórias e as vidas das gentes deste território. A entrada inclui também a disponibilização gratuita de audioguias, que permitem a autonomia da visita e o acompanhamento explicativo ao longo das seis áreas temáticas.
Se é munícipe da Batalha, aproveite a oportunidade para conhecer gratuitamente o Museu até ao final de Abril. Findo este prazo, as entradas têm o custo de 2,50 euros, com descontos para seniores, jovens e estudantes.
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