(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>166 – Museu de Todos

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>As origens do Concelho da Batalha – Uma pedra caída dos céus

Por António José Teixeira, Geólogo/Arqueólogo

Podemos dizer que o concelho da Batalha é um pequenino grão de areia na imensidão do espaço cósmico. Nesse sentido, a primeira peça que o nosso Museu apresenta aos visitantes é um meteorito, que atesta a longa história do planeta Terra.

Sabemo-lo através de Plínio-o-Velho, desde a antiguidade que os homens se interessam pela queda de estranhas pedras celestes. Pedras que atravessam a atmosfera, iluminando-a com uma luz muito viva, e se vão esmagar contra o solo, quebrando-se em milhares de pedacinhos, deixando a marca do choque sob a forma de grandes buracos, a que se dá o nome de crateras. Algumas são muito grandes e pesam várias toneladas, outras são mais modestas e o seu peso mede-se em quilos.
Hoje, sabemos que os meteoritos são mensagens do Universo, mais exactamente, testemunhos da história primitiva do nosso sistema solar, que, depois de uma viagem através do espaço e do tempo, nos trazem informações decisivas sobre as épocas em que as marcas terrestres foram quase totalmente apagadas. De certo modo, os meteoritos são os testemunhos da origem do sistema solar, isto é, das nossas origens, porque são verdadeiros “espectadores” que assistiram ao nascimento do planeta Terra do lado de fora do nosso sistema solar.
Graças ao trabalho de vários investigadores, sabemos também que os meteoritos têm sensivelmente a mesma idade da Terra, ou um pouco mais velhos. Foi assim possível confirmar que todos os meteoritos são rochas que se formaram no intervalo de tempo de 4,55 a 4, 5 mil milhões de anos – a idade aproximada da Terra.
Por outro lado, a importância destes asteróides reside no facto de a composição química de cerca de 80% deles ser muito semelhante à da coroa do Sol. Com efeito, se compararmos a análise química de uma rocha terrestre escolhida ao acaso com a de um meteorito, verificamos que não existe nenhuma correspondência química entre a rocha terrestre e o Sol, mas que a do meteorito é notavelmente semelhante.
Os meteoritos surgem-nos, pois, como objectos rochosos de excepção. São primitivos pela sua idade milenar, pois são tão velhos ou mais do que a Terra; são primitivos pela sua composição química, dada a sua semelhança com a química do Sol, que contém 99% da massa de todo o sistema solar e cuja composição é, sem dúvida, muito próxima da composição do todo que constituía a chamada “nuvem primitiva”.
Por tudo isto, o meteorito que se apresenta no Museu da Comunidade Concelhia da Batalha é de uma importância extrema para que compreendamos as nossas origens extra-terrestres, sendo considerado em termos de classificação como um “Siderito com 15 quilos – Ferro e Níquel”. De notar que esta dualidade química de ferro e níquel não existe em nenhuma parte do planeta Terra – só existe a nível do seu núcleo, o que prova também a sua origem extra-terrestre.
 
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