Ouço na rádio uma publicidade com qualquer coisa como: Que seria do Natal sem presentes? Que seria do Natal sem rabanadas? Que seria do Natal sem bacalhau? Que seria do Natal sem luzes?…
Vejo pelas ruas: estrelas, barretes, velas, um velho barrigudo de barbas brancas, andarilhos e saltimbancos, patins, bancas de venda diversa, palcos animados, gente a correr com sacos…
Assisto a filmes, anúncios, programas: cores garridas, festa, gargalhadas, mesas cheias, carros, roupas, perfumes, abraços e sorrisos com muitos aparelhos electrónicos à mistura…
Recebo alguns postais, muitas mensagens nas redes sociais: árvores, bolas, anjinhos, luzinhas a piscar, ursos, camelos e ovelhas, fadas e duendes… e o omnipresente velho das barbas.
Procuro ilustrações num banco de imagens da internet: Natal, dezenas de quadradinhos e, ao fundo, “+1500 resultados”; Menino Jesus, “não foram encontrados registos”.
Sei que há outros anúncios, outras ruas, outros filmes e programas, outros postais e mensagens, outros bancos de imagens com outros resultados. Mas estão em clara minoria, a roçar a excepção.
Imagino: se um extraterrestre por cá pousasse por estes dias e tentasse perceber que diabo de festa é esta de um nascimento tão especial que põe o mundo todo em alvoroço por mais de um mês… conseguiria descobrir facilmente quem é o Nascido?
Entretanto, as notícias desfilam: guerra na Ucrânia, acidente grave mata família, pescadores desaparecem no mar, crianças são maltratadas, jovens com doenças terminais…
Nas ruas e nas redes, a sociedade pergunta num misto de revolta e incompreensão: como pode Deus permitir isto? Afinal, se existe, onde está Ele?…
Boa pergunta. Onde será que O metemos?…