(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>Rosas do Lena celebrou em grande

>Rosas do Lena celebrou em grande

>48.º aniversário em semana recheada

Mais um aniversário deste prestigiado rancho folclórico Rosas do Lena, da Rebolaria, foi celebrado com uma grande e interessante panóplia de iniciativas. Logo no dia 22 de Fevereiro, véspera da sua fundação, foi celebrada uma eucaristia na igreja local. Mas foi na semana de 19 a 27 de Março que se concentraram os festejos.
No dia 19 de Março, realizou-se o 12.º Encontro Nacional de Cantadores e Tocadores de Instrumentos Tradicionais. Foi um serão muito animado, presenciado por muito e entusiástico público, e que durou pela noite dentro.
No dia seguinte, teve lugar o “Museu ao Vivo”, no edifício do Museu Etnográfico da Alta Estremadura, com representações ao vivo e a visita de muita gente. Da parte da tarde, realizou-se o Festival Regional de Folclore, com a participação dos ranchos Rosas do Lena, As Lavadeiras do Vale do Lena (Golpilheira) e S. Guilherme (Santa Catarina da Serra). Foi uma tarde bem passada, onde foram enaltecidas as nossas tradições folclóricas dos finais do século XIX e princípios do século XX.
No dia 22 de Março, foi transmitido directamente da Casa da Cultura daquele agrupamento o programa da Rádio Batalha. Foram intervenientes José Travaços Santos, Joaquim Trovão e José Bagagem, o jovem presidente do rancho aniversariante. O objectivo deste programa era transmitir o passado, o presente e o futuro deste agrupamento. José Travaços, um dos grandes propulsores desta grande força cultural, que conhece por dentro e por fora, foi dando aqui e ali uma breve pincelada sobre o seu percurso ao longo destes 48 anos. Não esqueceu todos aqueles que passaram por esta grande escola, na qual a população da Rebolaria se revê e apoia. Não esqueceu o saudoso mestre Marques, assim como outros que infelizmente já partiram. Aos actuais, que se empenhem cada vez mais, na continuidade deste excelente rancho folclórico. José Bagagem abordou em traços largos as actividades previstas para o corrente ano: continuação das Escolas de Concertina, Cavaquinhos e Jogo do Pau; obras de melhoramento junto à Casa da Cultura, terreiro, alpendurada e recuperação do poço; abertura do Museu Etnográfico da Alta Estremadura durante o Verão, aos domingos, das 15h00 às 18h00; ornamentação de ofertas para a Festa da Santíssima Trindade; organização do Festibatalha e da Gala de Folclore integrada nos festejos anuais de Agosto na Batalha. Para todas estas iniciativas é necessário muito trabalho, mas conta com uma vasta equipa, chefiada por Manuel Gregório, “Engenheiro”, como Travaços Santos gosta de lhe chamar, o criador da maioria das lembranças e cenários. O rancho vai ainda participar em diversos festivais de folclore, incluindo uma deslocação à Ucrânia.
No dia 24 de Março, realizou-se um colóquio sobre desporto, tendo como monitor Luís Bernardo, professor de Educação Física e treinador do BAC – Batalha Andebol Clube. Os conselhos deste professor basearam-se muito na alimentação e exercício físico para uma vida mais saudável, passando pelo combate ao sedentarismo
No dia seguinte, teve lugar uma palestra sobre “As Origens do Fado na Tradição Rural”, superiormente apresentada por José Alberto Sardinha, advogado de profissão, mas um grande etnomusicólogo. Há muitos anos que efectua recolhas por todo o País, tendo no seu curriculum a publicação de diversos livros. Fruto duma investigação persistente, sobre quando, onde e porquê se começou a cantar o fado, chegou a diversas conclusões. O fado retrata nas suas letras, a maior parte das vezes, o mal e as tragédias amorosas. É habitual no reportório do folclore haver fados, que podem ser apenas tocados. Assim, afirma peremptoriamente que o fado não é de Lisboa, mas sim “uma música de tradição oral, uma espécie de revelação, comum a todo o país”, cuja origem de “romance tradicional” virá desde a Idade Média. Inicialmente era celebrado nas feiras por jograis e cantado pelos pedintes de esmolas, normalmente romances heróicos, histórias simples para gente simples. Tornou-se tradicional porque foi transmitido de geração em geração. Porque é que ficou conhecido por ser de Lisboa? Os cegos, que normalmente cantavam e tocavam nas feiras e ao mesmo tempo pediam esmola, concentravam-se em Lisboa, onde recebiam mais valores. Cantavam também ao pé das casas senhoriais, pelo que a aristocracia começou a gostar do fado. A história da Severa e de outros foi criada artificialmente: o fado não nasceu na taberna, mas acantonou-se na taberna, pois os cantadores pernoitavam nestas e nos seus estábulos. O fado foi conhecido na taberna por classes mais altas da sociedade, onde convidavam alguns fadistas para os seus solares. Amália cantou pela primeira vez um fado dos ceguinhos num barco, impressionando de tal forma os seus passageiros, que pôs todos a chorar. Este investigador lamentou ainda que “Portugal tem lamentavelmente falta de orgulho daquilo que é seu; só quando vamos para o estrangeiro é que temos este patriotismo”.
No dia 26, realizou-se no restaurante “Aldeia de Santo Antão” um jantar confraternização, com os amigos e antigos elementos do Rosas do Lena. Foi um serão muito animado, com a presença de muita gente, prova do carinho que nutrem por este grupo. Entre discursos e oferta de lembranças, um dos momentos altos foi a oferta de um quadro do artista Artur Franco ao folclorista José Travaços Santos, com o seu retrato, ele que tinha completado no dia anterior a bonita idade de 80 primaveras.
No dia seguinte, realizou-se uma tradicional matança do porco, na sede do rancho. E no dia 3 de Abril, este grupo foi ainda participar nos tradicionais Cânticos da Quaresma, apresentados junto ao Mosteiro da Batalha.
Foram dias ricos, que mereceram a presença e o aplauso do Jornal da Golpilheira.
Manuel Carreira Rito
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