(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>163 Vinha

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>Por José Jordão Cruz

Casta Malbec

Esta casta de uva praticamente não se cultiva em Portugal, no entanto, é uma das mais conhecidas do mundo, tendo a sua maior área de produção na Argentina, aonde tivemos o prazer de provar o famoso Malbec, aquando da nossa visita a este país, onde provamos um Malbec produzido na vinha mais alta do mundo. Cultiva-se também no Chile e na França, sendo este o seu país de origem. Em lugares com influência marítima, como Chile e Califórnia, podem até atrapalhar o desenvolvimento dessa cepa, porém cultivam bons exemplares.

Mas, na verdade, é na Argentina que tem as condições ideais de cultivo, nomeadamente altitude e clima favoráveis, dando vinhos, graduados, tintos escuros e com aromas frutados, logo bastante encorpados no envelhecimento. Portanto, é o vinho mais famoso da Argentina, havendo também quem diga que são os melhores vinhos do mundo. Mas, diga-se em abono da verdade, que este vinho está na moda, embora esta casta exista há mais de 150 anos, tendo um passado originário interessante.

A sua origem provém do sudoeste da França, na região de Cahors, e era chamada de “Cot” ou “Auxerrois”. Com a fama grandiosa na Argentina, os franceses passaram a chamá-la de Malbec. Conta-se que este nome teve origem num produtor húngaro chamado Malbeck, que levava as uvas e plantas desta cepa para vender em Bordeaux. Nessa época, este vinho era chamado de “Preto de Cahors”, isso graças à cor intensa que a uva dá aos seus vinhos. Factos históricos dizem que durante o reinado de Napoleão, Pedro o Grande se curou de uma úlcera de estômago bebendo o tal “Vinho Preto de Cahors”. Muito contente com isso, ele ordenou que essa uva fosse levada e plantada na península de Crimea, junto com outras variedades como Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc. Essa é uma das inúmeras histórias relacionadas a essa cepa.

Cahors é a região onde existe o centro de produção mais antigo dessa cepa e possui uma lei específica para produção de vinhos originados dela, conhecida como a lei de Cahors AOC (Apelação de Origem Controlada). Nesta apelação, as vinícolas devem utilizar uma quantidade mínima de 70% de Malbec e os outros 30% de Merlot ou Tannat.

Como dissemos, o clima desértico continental da Argentina, com seus solos secos e pobres, suas intensas horas de sol, baixa humidade e terras de elevada altitude contribuíram para a fama da Malbec, pois só nessas condições a uva atinge o seu ápice. Desde 2005, o Governo Nacional da Argentina aprovou a lei que cria a primeira Denominação de Origem Controlada da América do Sul para essa uva, trata-se do Lujan de Cuyo DOC (Denominação de Origem Controlada), com mais de 6.000 Ha de Malbec. Essa iniciativa que já tinha sido criada em 1999, por algumas vinícolas famosas da Argentina, tais como Nieto Senetiner e Luigi Bosca. Assim, a Malbec tornou-se a uva emblemática da Argentina, a mais plantada, valorizada e exportada do país para todo o mundo.

“O vinho tem o poder de encher a alma de toda a verdade, de todo o saber e filosofia” (Jacques-Bénigne Bossuet).

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