>Galeria de Exposições Mouzinho de Albuquerque
Está patente na galeria Mouzinho de Albuquerque, na vila da Batalha, uma exposição inédita sobre as “Gárgulas do Mosteiro”, que reúne um importante espólio fotográfico de algumas das mais impressionantes deste monumento, acompanhadas de painéis explicativos e de uma área multimédia.
Na sessão inaugural, no passado dia 14 de Junho, o director do Mosteiro, Júlio Órfão, teceu algumas considerações sobre estas “bizarras” estátuas, cujas formas mais “ousadas” permitiram a criação de “inúmeras lendas sem fundamento”, sendo o mais certo terem resultado de “alguma liberdade dada aos canteiros” na execução das goteiras, que “nem os frades controlavam”. Aproveitando mais esta iniciativa do Mosteiro e da autarquia da Batalha, no contexto da votação em curso para as “7 Maravilhas de Portugal”, Júlio Órfão não deixou de apelar ao votos de todos neste monumento, afirmando que “se não ficar entre as sete maiores maravilhas do País, algo vai muito mal”. E apelou também à Câmara Municipal, “que tem mais autonomia financeira do que nós”, que procure criar outros incentivos turísticos para além do Mosteiro, de modo a motivar ainda mais a visita e permanência das pessoas no nosso concelho.
Em resposta, o vice-presidente da autarquia, Carlos Henriques, afirmou o interesse da edilidade em potenciar a oferta turística em volta do monumento, mas devolveu à gestão dos monumentos nacionais o apelo a uma maior atenção à sua dinamização. Considerando que existe “um bom entrosamento entre a Câmara e o Mosteiro”, referiu no entanto que “nem tudo corre bem na organização de alguns eventos ali realizados”. Quanto à exposição “Gárgulas do Mosteiro da Batalha”, que foi montada pela empresa Sistema 4, o vereador informou que se pretende promover um circuito itinerante para a mesma, de modo a levar mais longe “esta arte tão característica do nosso Mosteiro”.
Para já, os interessados poderão visitá-la neste lugar central da vila, de segunda a sexta-feira, das 14h30 às 17h30, e aos sábados e domingos, das 14h30 às 18h00, até ao próximo dia 30 de Junho.
Nota histórica
Refira-se que as gárgulas não são mais do que goteiras esculpidas, quase sempre em forma de animal ou figura grotesca, cuja finalidade é a de escoar as águas recolhidas nas caleiras das grandes obras arquitectónicas, levando a que fossem projectadas para longe das paredes e fundações no exterior das construções, evitando assim que se infiltrassem no solo junto aos alicerces, onde acabariam por dissolver as argamassas e arruinar as alvenarias, ou que desgastassem as pedras exteriores, trazendo perigo à estabilidade da construção.
Foi sobretudo na época medieval, mais precisamente no período entre os séculos XII e XV, a partir da construção das grandes catedrais góticas, que as gárgulas viriam a popularizar-se na Europa Ocidental, principalmente na França e em Inglaterra, em menor escala em outros países europeus como Portugal.