>Decorreu com grande animação o XVIII Festival de Folclore da Golpilheira, organizado pelo rancho “As Lavadeiras do Vale do Lena”, do CRG, e integrado no programa das festas do 38º aniversário da nossa colectividade, no passado dia 14 de Julho. Depois de um alegre jantar de convívio entre todos os agrupamentos convidados, a noite recebeu no palco um belo espectáculo de folclore, em que todos os ranchos tiveram um bom desempenho, em representação das respectivas regiões etnográficas.
Para fazermos uma ideia desse espectáculo, deixamos as fotos e um breve historial de todos os grupos.
MCR
“As Lavadeiras do Vale do Lena” – Golpilheira
Fundado em 12 de Julho de 1989, sediado no lugar e freguesia da Golpilheira, concelho da Batalha e distrito de Leiria, estando assim inserido na região de Turismo Leiria/Fátima e representando o folclore da Alta Estremadura. Golpilheira foi em tempos um lugar vocacionado para a agricultura, nas margens do rio Lena, onde se cultivava milho, hortas, vinho, azeite e legumes. As suas danças e cantares foram recolhidas de pessoas nascidas na última década do século XIX. Eram as que se “bailhavam” a céu aberto, nas alpenduradas e de portas a dentro, nas eiras, nas descamisadas, nos terreiros pelos Santos Populares, nos “serões dos enxovais”, nos serões dos casamentos, nas “adiafas” da vindima e da azeitona e na “casa da brincadeira”. Seus trajos de trabalho, domingueiro ou de cerimónia, eram os que se usavam a rigor na segunda metade do século XIX. As alfaias, ferramentas e pertences correspondentes a cada actividade também estão representados, como o malhador, a ciranda, a vindimeira, o lagareiro, o abegão, a jantareira e o par de noivos pobres. Os instrumentos usados na tocata são tradicionais da região. Este rancho folclórico é sócio efectivo da Federação do Folclore Português, da Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura e filiado no INATEL. Durante estes anos de existência, já teve mais de setecentas actuações, de Norte a Sul do País, tendo participado também em alguns festivais internacionais, nomeadamente em Espanha, França e Roménia, onde mostrou toda a beleza de trajos, danças e cantares, preservando a nossa cultura e tradição.
Rancho Folclórico de Zebreiros – Gondomar
O Rancho Folclórico de Zebreiros (Gondomar) foi fundado em Maio de 1959 e é sócio da Federação do Folclore Português. É constituído por um grupo de pessoas de boa vontade, animados a preservarem e a divulgarem os usos e costumes dos seus antepassados, especialmente no sector das danças e cantares tradicionais populares, onde o amanho da terra e as lides do rio constituíam um modo de viver para a sua maioria, motivando uma mistura de trajos de lavrador com os de pescador, o que emprestava a Zebreiros um ambiente de rara beleza. Enquanto a maioria das lavradeiras exibiam trajos remediados e ricos, ornados com muito ouro, as mulheres que trabalhavam no rio apresentavam-se de aspecto mais pobre. O Rancho Folclórico de Zebreiros tem-se exibido em muitas terras do nosso país e no estrangeiro, sendo de destacar as actuações em França, Açores (Ilha Terceira e S. Miguel, Brasil (S. Paulo), Festival do Algarve, Espanha (Corunha). Organiza anualmente o seu festival de folclore, sendo de destacar o de 1997, que teve a transmissão directa da Missa dominical pela TVI, e fez várias gravações em CD, cassetes, discos e vídeos, que têm sido exibidos em vários órgãos da comunicação social. A sua acção continua bem viva, para bem das raízes do povo da sua terra, das suas gentes e da cultura tradicional do nosso país.
Rancho da Casa do Povo de Espariz – Tábua
O Rancho Folclórico da Casa do Povo de Espariz iniciou a sua actividade em 13 de Junho de 1980, com a finalidade de preservar os costumes, tradições, danças e cantares da região em que está inserido. Representa uma zona de transição Beira Alta/Beira Litoral, onde desenvolveu e desenvolve um trabalho de pesquisas e recolhas. Exibe danças leves, na sua maioria de roda. Os trajos pouco garridos traduzem a maneira de ser e de sentir dos seus antepassados. Ao longo da sua existência, actuou em importantes festivais nacionais e internacionais de folclore, realizados em Portugal, tendo também actuado em Espanha, França e Itália. Em 1989, em representação da Região de Turismo do Centro, participou no IX Festival de Gastronomia de Santarém, e em 1991, a convite da Região de Turismo do Algarve, participou no XV Festival Nacional de Folclore do Algarve. É sócio efectivo da Associação de Folclore e Etnografia da Região do Mondego desde 1987 e da Federação do Folclore Português desde 1988.
Rancho Regional da Casa do Povo de Ílhavo
O Rancho Regional da Casa do Povo de Ílhavo foi fundado em 6 de Janeiro de 1984, com a finalidade de fazer reviver as danças e cantares, usos e costumes de Ílhavo. É sócio efectivo da Federação do Folclore Português, justamente pela autenticidade e verdade que representa. Anualmente, organiza três festivais de folclore e, desde a sua fundação, tem participado nos melhores festivais nacionais e internacionais do país. Já esteve em França e em Espanha, por diversas vezes. Em 1993 e 2002 representou a Beira Litoral/Zona Vareira no XVII e XIX Festival do Algarve. Em 2001 esteve na Ilha da Madeira e em 2005 na Ilha Terceira/Açores.
Rancho Típico da Palheira – Coimbra
Em 1971 e com a finalidade de angariação de fundos para a nova capela, no dia de inauguração desta, um grupo de rapazes e raparigas dançaram pela primeira vez, ao som de gravador, danças e cantares do folclore português. Usavam então trajos com fitas de veludo e lantejoulas. Com o apoio de alguns membros da população, formou-se então o primeiro grupo, a que foi dado o nome de Rancho Típico Flores da Palheira. Em 1972 e usando já como traje base a “tricana” de Coimbra, foi inaugurado o Rancho Típico da Palheira. Desde essa data e já como membro da Federação do Folclore Português, foi este grupo actuando em vários festivais da região, tendo em 1977 recebido o 1º Prémio da região pela melhor apresentação em palco, de danças trajes e cantares. Em 1980, teve a sua primeira actuação além fronteiras, mais propriamente na cidade de Salamanca, onde representou Coimbra no dia de Portugal. De então para cá, a sua actividade tem sido intensa, tendo percorrido o País de lés a lés, tomando parte nos mais categorizados festivais nacionais e internacionais de folclore e levando bem longe o bom nome da região em que está inserido. Em 1990, uma vez mais, foi o digno representante português no grandioso festival internacional que se efectuou na vizinha Espanha, na cidade de Guijuelo. Hoje, aprovado pelos serviços culturais da Câmara Municipal de Coimbra e pela Região de Turismo do Centro, fazendo parte integrante da AFERM e da Federação de Folclore Português, este grupo tem efectuado imensas recolhas, quer a nível de danças e cantares, quer a nível de trajes, sendo o seu baluarte, a este nível, o de calceteiro, profissão preponderante dos antigos homens desta terra.