(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>Visita Pastoral do Bispo diocesano à Batalha

>Visita Pastoral do Bispo diocesano à Batalha

>Por: Luís Miguel Ferraz


“Renova na alegria a tua fé e dá testemunho!”
O Bispo D. António Marto esteve de visita à paróquia da Batalha, de 27 de Fevereiro a 2 de Março, no âmbito da visita pastoral que iniciou este ano e pretende concluir em 2012, por todas as comunidades da Diocese de Leiria-Fátima. Teve oportunidade de contactar com os agentes pastorais, com os religiosos, com os professores, com os doentes e idosos, com autarcas, dirigentes associativos e empresários, com as crianças e adolescentes da catequese e os crismandos, com jovens e casais. Presidiu ainda a uma vigília vicarial vocacional, em que os jovens marcaram presença numerosa, e à missa crismal com que encerrou esta jornada, no domingo 2 de Março.
Também a freguesia da Golpilheira viveu intensamente esta visita do Bispo, não só pela participação de muitos dos nossos conterrâneos nos diversos encontros paroquiais, mas também porque D. António veio celebrar a Missa connosco, no dia 28, e esteve depois no beberete de convívio que as comissões das igrejas da Golpilheira e de S. Bento organizaram.
Sobre o que se passou em cada um dos momentos mais significativos desta visita, que o Jornal da Golpilheira acompanhou em permanência, e o que disse D. António nos vários encontros que teve, deixamos nestas páginas seguintes algumas notas, ilustradas pelas respectivas fotos. Não podemos publicar exaustivamente todos os gestos e palavras, tal foi a riqueza dos seus conteúdos, mas damos uma visão geral desta jornada, que marcou, sem dúvida, a história da nossa paróquia.
O resultado parece-nos positivo, embora nem tudo tenha corrido como se esperava, nomeadamente em termos de participação em alguns actos. E não foi por falta de informação, pois foram distribuídos 5000 folhetos com o programa, nalguns casos enviaram-se convites pessoais, fez-se o aviso nas missas com muita antecedência, saíram notícias nos jornais locais e na Rádio Batalha, onde D. António deu uma grande entrevista na tarde em que chegou, explicando a razão e objectivos da sua visita e falando de outras questões da igreja e da sociedade actual.
Quanto ao programa, percorreu os vários sectores da paróquia e da comunidade em geral, mas parece-nos ter faltado um momento de convívio alargado a todas as pessoas que quisessem estar de perto com o Bispo. Um dos objectivos da visita pastoral é o conhecimento da realidade concreta das pessoas e D. António sempre se manifestou disponível para qualquer iniciativa que as paróquias queiram inserir no programa. Noutras isso aconteceu, mas na nossa ficámo-nos pelas reuniões e celebrações. A única excepção acabou por ser a Golpilheira, que organizou um pequeno beberete no final da Missa de quinta-feira, mas até neste caso faltou o convite a toda a população, o que foi pena.
Mas queremos destacar, sobretudo, o positivo. Houve momentos muito bons, D. António Marto afirmou o seu contentamento com o modo como decorreu em geral e a sua mensagem passou para muita gente da comunidade. Se quisermos fazer um resumo, podemos citar o apelo que o Bispo Diocesano lançou na Missa de encerramento: “Querida paróquia da Batalha, abre de par em par as portas do teu coração a Cristo. Não tenhas medo de Cristo. Renova a tua fé no Senhor. Dá testemunho da tua fé, que é a tua alegria em cada dia e que te salva!”.

Crismandos
Este ano, na paróquia, foram cerca de 60 os jovens que se prepararam para receber o sacramento da Confirmação, ou Crisma. Foram os primeiros com quem o Bispo quis conversar. Ao fim de uma caminhada de 10 anos de catequese, chegou a altura de assumirem a sua fé de modo adulto. Muitos abandonam a Igreja após este sacramento, mas devia ser o contrário, afirmou D. António, lembrando-lhes que a Confirmação significa que “são tornados firmes na fé” e que fazem uma escolha pessoal, livre e responsável. “Se forem só pelo teatro religioso, porque fica bem ou porque querem ser padrinhos, mais vale não irem, porque estão a enganar a comunidade e, sobretudo, a enganarem-se a si próprios”, afirmou. Já pelo significado de Crisma, são ungidos com o azeite que fortalece e deixa a marca do Espírito Santo, perfumado com o bálsamo da fé. Assim, “a partir de agora, deveis continuar a vossa vida cristã, em grupos de jovens, aprofundando a vossa riqueza espiritual, em formação, oração e acção na comunidade”, pediu.

Agentes pastorais
Na primeira noite desta visita, o encontro foi com os principais agentes pastorais, em que participaram cerca de 100 pessoas. “A paróquia é o centro de vida espiritual onde vive Deus, é como que a família de Deus, onde todos são responsáveis pelas várias tarefas; uma comunidade fundada pela mesma fé em Jesus Cristo e que vive e transmite essa mesma fé, uma comunidade de oração e celebração dos dons de Deus, e uma comunidade de comunhão fraterna entre os irmãos em Cristo”, afirmou o Bispo. O pároco não pode fazer tudo e nem todos fazem o mesmo, mas “é na diversidade de dons e serviços que se revela a beleza multicolor desta Igreja”.
Como comunidade de fé, nascida de uma relação viva de amor com Deus, precisa de alimentar, viver e transmitir permanentemente essa fé, papel dos pais em relação aos filhos e, de modo sistematizado, dos catequistas, orientadores de jovens e escuteiros, e formadores em geral. “São transmissores das verdades da fé e dos valores do Evangelho, não só por palavras, com a necessária formação teológica e pedagógica, mas sobretudo com o testemunho de vida”, lembrou o prelado. Isto faz-se na infância e adolescência, mas também na juventude e ao longo de toda a vida, em formação permanente e em momentos de especial cuidado, como a preparação para o matrimónio.
Como comunidade de oração e celebração dos sacramentos, onde a Eucaristia deve assumir lugar central, como mesa da comunhão familiar. Aqui são múltiplos os serviços, desde o presidente aos leitores, acólitos, cantores e ministros da comunhão. Todos colaboram para que “a celebração seja digna, bela e bem participada pela comunidade”.
Como comunidade de amor fraterno, a participação dos leigos é especialmente necessária, logo nos concelhos pastoral e económico da paróquia, mas também nas comissões das várias igrejas, nos movimentos de apostolado e acção sócio-caritativa.
A todos o Bispo agradeceu a colaboração que já dão, pediu “renovado empenhamento na dinamização pastoral, sobretudo no apoio aos jovens e na preparação próxima para o baptismo e para o matrimónio”, sugerindo a criação de um Centro de Preparação para o Matrimónio (CPM) a nível vicarial.

Professores
No encontro marcado com os professores, na escola secundária da Batalha, apenas 35 docentes marcaram presença, devido a algumas falhas de comunicação entre a paróquia e as escolas. Ainda assim, decorreu de forma coloquial, aberta e interessante. D. António falou dos seus tempos de professor e referiu a sua estima “por tudo o que fazem a favor das novas gerações, por vezes com muita fadiga e sobrecarga, pois o maior tesouro que podemos deixar aos vindouros é a educação integral da pessoa, nas áreas científicas e filosóficas, mas também do humanismo, dos valores e da religiosidade”. Ouviu o testemunho de alguns professores sobre o seu papel de educadores e, às vezes, substitutos dos pais, pois as crianças passam demasiado tempo nas escolas e revelam grande falta de acompanhamento, carinho e atenção por parte dos progenitores. “Seria necessário um maior envolvimento dos pais na tarefa das escolas e uma política educativa com uma estratégia fundamentada, independentemente dos partidos e governos”. O Bispo afirmou estar a par desses problemas e solidário com a missão dos professores, aos quais pediu que não desanimassem e não perdessem a coragem. “Ser jovem hoje não é fácil, num mundo que é como um supermercado com inúmeras ofertas embrulhadas em embalagens atraentes e que os levam a experimentar; mas chega a altura em que voltam a sentir necessidade de valores e orientações de vida, onde a semente lançada pelos formadores é fundamental, numa educação para a exigência contra o facilitismo e para a liberdade com responsabilidade”, afirmou o prelado, salientando que “o mais difícil é encontrar o ponto de equilíbrio entre a liberdade e a exigência, apostando na autoridade moral que advem do testemunho pessoal, para a que os jovens se tornem responsáveis perante si mesmo, perante o mundo e perante Deus”.

Celebração na Golpilheira
Uma semana depois da multidão que acolheu a imagem peregrina de Fátima, a igreja da Golpilheira voltou a encher-se para celebrar a Eucaristia com o seu Bispo. Na sua homilia, falou do valor da Palavra de Deus, que “devemos escutar como caminho de felicidade, procurando ouvi-la no coração por entre as mil vozes que a tentam ofuscar”. Por outro lado, devemos também “renovar a nossa vida pessoal e comunitária, pois há sempre algo a melhorar e é possível fazê-lo com a força que brota da graça de Deus em nós”. Finalmente, D. António referiu a importância de “partilharmos com os outros a nossa riqueza espiritual interior, pois, por vezes, falamos muito de coisas banais e esquecemo-nos de falar da vida espiritual, mesmo em família, entre marido e esposa, entre pais e filhos, com quem devemos comunicar os valores profundos da vida”.
No final da Missa, seguiu-se um beberete de convívio, organizado pelas comissões da Golpilheira e de S. Bento, em que o nosso Bispo teve ocasião de confraternizar com algumas pessoas que estiveram mais ligadas a esta visita. Para além da mesa recheada, foi ocasião para uma conversa mais pessoal e informal, em que D. António aproveita sempre para conhecer mais em pormenor as realidades locais e a sensibilidade dos seus diocesanos, com a afabilidade e simpatia que o caracterizam.

Doentes e idosos
Os doentes e idosos não foram esquecidos nesta visita, tendo sido preparada especialmente para eles uma celebração na igreja matriz da Batalha, muito participada. Depois, D. António visitou o Centro Hospitalar de Nossa Senhora da Misericórdia, nas Brancas, onde contactou pessoalmente com todos os utentes ali internados. No final, assinou uma nota da sua presença, com uma mensagem de esperança e conforto a todos os que ali se encontram. Antes da despedida, esteve ainda alguns momentos em convívio com os doentes e funcionários, num lanche preparado por voluntários que apoiam a instituição.
Salientamos a animação musical deste convívio, com a participação de duas jovens músicas da Golpilheira, Ana Luisa e Marta Frazão, tocando e cantando algumas belas melodias da música portuguesa.

Autarcas, empresários e associações
Para o encontro com os membros do executivo camarário, das assembleias municipal e das freguesias, dirigentes de associações e empresários, foram enviados pela paróquia cerca de 130 convites pessoais. Compareceram apenas três dezenas de pessoas, talvez pela inconveniência da hora, ao final da tarde.
No acolhimento ao Bispo, o presidente da Câmara, António Lucas, salientou a importância da sua presença como sinal da parceria necessária entre as instituições da sociedade e da Igreja, apontando alguns exemplos concretos desse espírito de colaboração no nosso concelho, sobretudo com as IPSS na área da acção social.
D. António Marto reiterou a importância dessa prática, pois “todos estamos ao serviço das pessoas e temos a missão comum de promover a sua qualidade de vida integral, nos aspectos humano, económico, social e espiritual”. Na sua alocução, abordou a questão da relação Igreja/Estado, que nos nossos dias se pretende mais clarificada e honesta, defendendo “um espírito de cooperação e respeito mútuo, um diálogo entre culturas e entre religiões, uma atenção e compromisso com a pessoa humana, uma autoridade vista como serviço e não como poder e uma autonomia da Igreja face ao poder político, já que não é sua função organizar o Estado”.
Quanto ao modo como a religião deve ser abordada pela sociedade, o Bispo lembrou que “o Estado é laico, mas isso não significa que ignore ou despreze o facto religioso, que é uma das formas da expressão social livre e comunitária”. Por outro lado, a Igreja não dita as regras da sociedade, mas “deve apoiar as iniciativas de desenvolvimento sócio-económico que contribuem para a promoção integral da pessoa, para a justiça social e para o combate à pobreza, à desigualdade, ao desemprego e a outros flagelos gritantes gerados pela globalização”.
Com este espírito, defendeu o prelado, “podemos investir em projectos comuns, nas áreas da solidariedade e do trabalho, da cultura e das artes, da promoção dos valores éticos e da dignidade da pessoa humana”.
Houve ainda tempo para alguns dos presentes darem o seu testemunho da situação actual, nos campos político, associativo, cultural e empresarial. Embora não ausente de problemas, estamos num concelho com boa qualidade de vida das populações, sem grandes problemas laborais e sociais, com bons níveis de dinamismo nos diversos sectores e onde se registam já alguns exemplos de consciência social das empresas. Outra mais-valia é o seu valioso património cultural, edificado e etnográfico, que o torna um dos pólos turísticos mais relevantes a nível nacional.

Vigília vocacional vicarial
O Mosteiro encheu-se por completo, na sua maioria por jovens, vindos de toda a vigararia, para a vigília de oração vocacional que se celebrou na noite de sexta-feira. Os jovens foram, de facto, os protagonistas, enchendo a celebração de momentos musicais, cénicos e simbólicos ricos de significado.
Partindo do texto do “jovem rico”, D. António fez uma reflexão sobre a “procura de uma vida verdadeira, boa, bela e feliz”, que caracteriza a juventude, referindo que “hoje, têm muitas coisas, mas sofrem de solidão e de vazio de valores no seu projecto de vida”. A resposta de Jesus é dada “olhos nos olhos, aceitando-nos tal como somos, oferecendo-nos a sua amizade e convidando-nos a segui-l’O”. Nessa linha, apelou a que “saibamos colocar a vida ao serviço dos outros, dar um salto de qualidade, tal como fez Francisco de Assis, dando à vida um projecto de felicidade com Jesus”.
Alguns jovens presentes deram o seu testemunho de como tentam pôr em prática essa palavra, em experiências missionárias, no trabalho de voluntariado em instituições como os bombeiros ou as casas de acolhimento aos mais carenciados, etc. Em sinal do mesmo compromisso, foi distribuído por todos os presentes um lenço branco com a inscrição “vem e segue-me”.

Jovens
“Revitalizar a fé adormecida, no confronto com este mundo novo da globalização e da pluralidade cultural, social e religiosa” é o maior desafio que se coloca aos jovens de hoje. Esta foi a mensagem que passou no encontro de D. António com os grupos de jovens e escuteiros da paróquia. “Precisamos de um grande autodomínio para resistir à cultura do stress e do zapping, que nos apresenta múltiplas ofertas de distracção e alienação, de modo a sermos firmes na identidade da nossa fé”, afirmou o Bispo. E lembrou que “muitos cristãos o são por herança, de modo superficial e sem grande aprofundamento das razões da sua fé, vivendo-a apenas como aquisição de três pacotes: dogmas que decoram na cabeça, obrigações morais e um conjunto de orações e devoções”, mas isso não pode acontecer já nas novas gerações, que devem “assumir convictamente aquilo em que acreditam, com alegria e liberdade, praticando uma fé que é encontro pessoal com Jesus Cristo”.
Neste contexto, o jovem cristão vive a fé em todas as suas dimensões e não apenas em alguns aspectos que escolhe como num menu de restaurante. “Tem de haver uma lógica de vida que reflicta aquilo em que se acredita, embora saibamos que estamos sempre em evolução neste caminho, como Igreja de santos e de pecadores que somos”. Para tal, alertou o Bispo, não devemos descurar a formação religiosa permanente, porque “a ignorância religiosa é o maior inimigo da fé”. E acima de tudo, “nunca ter qualquer complexo de inferioridade por ser cristão”.

Crianças da catequese
Divididos em dois grupos, os meninos da catequese tiveram o seu encontro com o Bispo durante o dia de sábado. D. António começou por explicar o que significa esta visita do Pastor, em nome de Jesus Cristo, como aquele que protege, indica o caminho e alimenta as suas ovelhas. “Jesus dá-nos um alimento especial que é Ele próprio na Eucaristia, dá-nos companhia e carinho no dia-a-dia, às vezes, levando-nos ao colo”.
Depois, lembrou alguns dos nossos deveres, para fazermos da vida um caminho a Seu lado, “portando-nos bem, vindo à catequese ouvir a sua Palavra e lembrando-nos sempre deste grande Amigo que temos. Sobretudo, devemos falar com Ele com frequência, na oração, e participar com alegria na festa da sua família, na Missa dominical”.

Casais
Para o último encontro do programa foram convidados todos os casais da paróquia. Cerca de 30 marcaram presença. D. António começou por afirmar que “a família é a coisa mais importante do mundo”, onde germinam e crescem os novos seres humanos e onde o amor se vive de modo mais intenso e verdadeiro, pelo que merece um carinho e uma atenção especiais por parte da Igreja.
Para a sua realização plena e feliz, apresentou dez pontos fundamentais:
– formar e conduzir a família para se tornar casa e escola de amor, onde todos são responsáveis por tudo o que se vive no seu seio, na multiplicidade e partilha de tarefas;
– promover tempos de encontro, descanso e ternura, contra o egoísmo e o stress;
– valorizar o espaço e a dedicação de cada um, pois todos são importantes;
– cultivar o espírito de compreensão, autodomínio e perdão, pois não existe comunidade sem conflitos;
– praticar os valores familiares em casal e transmiti-los aos filhos;
– encontrar na fé uma ajuda para elevar a qualidade de vida familiar, pois não há qualidade de vida sem uma vida espiritual de qualidade;
– oferecer aos filhos uma educação integral, nos aspectos físico, intelectual, cultural, moral e espiritual, assumindo o seu papel fundamental de colaborar com a escola e a catequese, tendo em especial atenção a sua formação cívica e a educação da afectividade;
– não fazer depender a sua felicidade do cálculo do número de pessoas que a compõem ou dos rendimentos económicos de que dispõe, pois não há famílias perfeitas, apenas as que lutam por essa perfeição, independentemente dos factores externos;
– viver a espiritualidade da comunhão como base da família, centrada em torno dos três altares da comunhão: a mesa onde a família se junta às refeições, o leito conjugal onde o casal nutre e fortalece a sua doação mútua, e o altar da Eucaristia que é a grande mesa da comunhão de Deus connosco.
No final, o padre Luís Inácio João, que foi nosso pároco no início do seu sacerdócio e é o actual responsável pela pastoral familiar na Diocese, falou do trabalho desenvolvido neste departamento e alertou para a necessidade de equipas paroquiais e vicariais que façam a comunicação com as estruturas diocesanas, para um trabalho que tenha em conta as suas necessidades concretas e que seja, depois, executado com sucesso a nível local.

Missa Crismal de encerramento
A visita pastoral encerrou, no domingo 2 de Março, com a Missa onde foram crismados cerca de seis dezenas de jovens da paróquia. “Vim até vós como irmão em humanidade e na fé em Jesus Cristo, e como Bispo que tem a missão particular de zelar pela vitalidade da fé do seu povo”, disse D. António na sua saudação aos fiéis que lotavam por completo o Mosteiro de Santa Maria da Vitória.
Na homilia, a partir do texto do Evangelho, que relatava a cura de um cego, lembrou que “a acção de Jesus não visava o sensacionalismo, mas sim uma catequese sobre Ele próprio como luz do mundo, Aquele que veio abrir-nos os olhos da fé, pela qual descobrimos a beleza do rosto humano de Deus”. Na mesma linha, “a fé leva-nos, hoje, a um olhar de esperança sobre a vida e o mundo, a ver o positivo e a ter confiança”.
Fazendo um resumo da sua mensagem durante a visita pastoral, pediu o “empenhamento renovado no aprofundamento da fé”, contra a ignorância religiosa, o “grande amor à Eucaristia do domingo”, como encontro comunitário privilegiado com Cristo Ressuscitado, de onde brota a luz para viver cada semana, a “renovação da vida de amor em família”, a realidade mais preciosa da Igreja e da sociedade, e a “coragem de homens e mulheres cristãos”, que dão testemunho dessa luz de Deus nas suas vidas.
A terminar, o apelo que sintetiza estas palavras: “Querida paróquia da Batalha, abre de par em par as portas do teu coração a Cristo. Não tenhas medo de Cristo. Renova a tua fé no Senhor. Dá testemunho da tua fé, que é a tua alegria em cada dia e que te salva!”.

Encerramento da Visita Pastoral à vigararia da Batalha
“Desejo paróquias fraternas e em rede”
No passado dia 16 de Março, no pavilhão da associação de Alcaidaria, na paróquia do Reguengo do Fetal, realizou-se o encerramento da visita pastoral do Bispo diocesano à vigararia da Batalha. Juntaram-se cerca de 600 fiéis de todas as paróquias para este momento de celebração e convívio, de partilha comunitária das experiências vividas nesta jornada dos últimos dois meses.
Começou-se pela procissão que caracteriza a liturgia do Domingo de Ramos, seguindo-se a Missa, presidida por D. António Marto e concelebrada por todos os párocos da vigararia. Partindo das palavras de São Paulo à comunidade de Filipe (Fl 1, 3-11), o Bispo diocesano referiu serem idênticos os seus sentimentos ao encerrar esta primeira etapa da visita pastoral: “A todos guardo no coração com muita amizade e gratidão. Senti-me acolhido como irmão, constatei a boa reserva de muitas energias de homens, mulheres, crianças e jovens de fé viva, dedicação e criatividade ao anúncio do Evangelho. Verifiquei alegrias, expectativas, cansaços, desânimos, e um enorme desejo de salto de qualidade de fé”.
Pedindo a todos “um esforço na reorganização das comunidades e mais co-responsabilidade para uma Igreja viva de comunhão e missão” o prelado manifestou o desejo de “transfiguração do rosto da Igreja, de cada comunidade, para que nela resplandeça a beleza do rosto de Cristo”. Conscientes do “mistério do amor louco de Deus por nós”, apesar de todas as nossas infidelidades, como fora recordado no relato do Evangelho deste domingo, “devemos descobrir no mundo concreto em que vivemos as manifestações desse amor”. Este é o caminho para o referido “salto de qualidade”, que deverá envolver todo o Povo de Deus, sobretudo em três grandes linhas de acção.
Em primeiro lugar, o regresso às fontes originais da nossa fé: “não nos devemos esquecer de que na origem da fé está o encontro com a pessoa viva de Jesus Cristo ressuscitado”. Joga-se aqui o futuro da fé, numa crise que atinge actualmente toda a Europa. Estamos a passar do cristianismo herdado para uma fé de opção consciente e de adesão livre, alegre e convicta à pessoa de Cristo. “É uma crise que pode ser purificadora, porque nos desafia a crer mais e a crer melhor, a sermos homens e mulheres de fé viva, entusiasta, corajosa e assumida”. Por isso, é preciso “reformarmo-nos por dentro, acender o coração com a luz nova de Cristo, animar e trazer os cristãos que se afastaram ou se deixaram vencer pelo cansaço”.
Depois, é necessário “reconfigurar a paróquia como casa de acolhimento e fraternidade, onde todos estão ao serviço dos outros, uns para os outros, uns com os outros”. Não podemos continuar a ver a paróquia como um supermercado ou uma estação de serviços religiosos, mas sim como espaço de comunhão e partilha, “onde todos se sentem em casa e de casa”. Nessa linha, é importante constituir ou revitalizar os órgãos de coordenação, como os conselhos económicos e pastorais paroquiais.
Finalmente, torna-se fundamental “trabalhar em rede, na paróquia e na vigararia”. Se todos partilhamos a mesma fé, devemos também partilhar recursos humanos e técnicos, trabalhando projectos comuns, sobretudo em áreas pastorais como a pastoral juvenil, a catequese e o serviço sócio-caritativo.
A terminar, o Bispo lançou o mesmo apelo que fez a cada uma das paróquias: “Querida vigararia da Batalha, abre de par em par as portas do teu coração a Cristo. Não tenhas medo de Cristo. Renova na alegria a tua fé em Cristo, teu Senhor e Salvador. Dá testemunho do Evangelho”. Apelo que foi de imediato aplaudido com entusiasmo por toda a assembleia.
No final, houve um lanche oferecido pelas pessoas da paróquia anfitriã, onde muitos dos presentes aproveitaram para passar o resto da tarde. Espera-se que o reflexo deste momento de união e confraternização venha a repetir-se e a dar frutos em outras iniciativas pastorais, tal como D. António Marto defendeu durante toda a sua visita.

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