>“Cada português tem de ser um combatente por Portugal”
O Presidente da República, Cavaco Silva, veio à Batalha, no passado dia 10 de Abril, onde presidiu às comemorações do Dia do Combatente, efeméride que coincide com o aniversário da batalha de La Lys (9 de Abril de 1918) da I Grande Guerra, em que pereceram cerca de sete milhares de soldados portugueses.
O dia começou com a celebração da Missa na igreja do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, em sufrágio pelos soldados falecidos, seguindo-se, no exterior do monumento, as cerimónias militares. “A cerimónia que aqui tem lugar é um testemunho vivo de amor pátrio e de coesão nacional, expressos numa comunhão de sentimentos de orgulho por um passado que nos une e pelos valores que nos fizeram erguer Portugal como nação livre, soberana e independente”, começou o Presidente da República na sua alocução, acrescentando que este acto público de homenagem “é também uma afirmação de vontade inquebrantável de continuar Portugal, de expressar de forma clara que devemos abraçar com respeito a nossa história, acolhendo as lições que ela nos deu e valorizando os nossos heróis, o muito que demos ao Mundo e a matriz de valores humanistas que difundimos”.
Referindo-se em concreto aos combatentes, “a todos os que deram e dão o melhor de si, até a vida, por esta Pátria que amamos”, Cavaco sublinhou a sua coragem e sacrifício e o “papel fundamental” que desempenham na “defesa da paz e dos interesses de Portugal” e como “pilar essencial da reserva moral da Nação”. Se a batalha de La Lys, cujos 92 anos se assinalam, representou “uma das maiores derrotas militares envolvendo tropas portuguesas”, ela foi também “um contributo significativo para o sucesso do esforço aliado em contrariar a ofensiva alemã” e deverá servir de lição para o futuro, nomeadamente, “que o instrumento militar obriga a uma preparação complexa, prolongada e exigente em termos de qualidade dos seus quadros e de equipamento, que não se compadece com soluções milagrosas de curto prazo” (o exército português na Flandres fora preparado em 3 meses), e “que Portugal apoie sempre de forma coesa os seus soldados no cumprimento das missões que lhes são atribuídas” (em La Lys haviam sido abandonados à sua sorte).
Dirigindo-se, depois, aos portugueses em geral, o Presidente afirmou: “Combatemos em múltiplas trincheiras: pelos ideais da paz e da liberdade; pela justiça e pelos mais desfavorecidos; pela soberania e pela independência; pelo progresso e pelo bem-estar dos Portugueses; pelo nosso futuro individual e colectivo”. Nesses combates de hoje, “é preciso criar um ambiente de responsabilidade individual e social assente em valores como os da honestidade, do reconhecimento do mérito, da verdade e, em especial, da honra”, defendeu Cavaco Silva. E concluiu: “É tempo de unirmos e identificarmos o que podemos e devemos fazer por Portugal. (…) Cada português tem de ser um combatente por Portugal; só assim fará sentido o sacrifício de tantos combatentes que nos precederam e que hoje, aqui, homenageamos”.
No final do discurso e antes do desfile das forças em parada, o presidente entregou uma condecoração ao Regimento de Artilharia 4 de Leiria, pelos serviços prestados à Pátria. Depois, fez uma breve visita ao museu da Liga dos Combatentes, no interior do Mosteiro, e presidiu à romagem ao túmulo do Soldado Desconhecido, organizada por aquela Liga desde há 74 anos por esta ocasião. Na Sala do Capítulo, diversas entidades civis e militares acompanharam o Presidente da República na deposição de coroas de flores sobre a lápide do “desconhecido”, símbolo de todos os soldados portugueses, de todos os tempos e de todas as guerras. Uma dessas entidades foi a Câmara Municipal da Batalha, representada pela vereadora Cíntia Silva.
Luís Miguel Ferraz