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João Moreira, atleta da União Desportiva da Batalha, consagrou-se Campeão Nacional de Seniores, arrecadando a medalha de ouro na categoria de Seniores Masculinos, no Campeonato Nacional de Juniores e Seniores de Patinagem Artística, realizado no passado fim-de-semana nos Pousos.
João tem 23 anos e vive actualmente em Leiria, tendo iniciado a sua carreira no hóquei em patins com apenas 3 anos de idade, impulsionado pelo seu avô, optando depois pela patinagem artística, pelos 6 anos de idade. Desde então, tem vindo a somar títulos.
Para conhecermos melhor o seu percurso, dificuldades e expectativas, fomos à conversa.
O que melhor recordas na tua infância como patinador?
Não sei… talvez os meus primeiros patins, que eram quase artesanais, feitos em ferro e bem pesados (risos). Como vivia muito perto do pavilhão, passava todas as minhas horas livres dentro do ringue a treinar. Lembro-me perfeitamente do meu primeiro campeonato, quando tinha 8 anos. Mas tenho muitas outras boas recordações.
Quantas horas treinas e como geres o teu tempo?
Devia treinar no mínimo cerca de 20 horas por semana, mas infelizmente apenas treino cinco, pois não temos mais tempo disponível de pavilhão. O meu tempo é gerido entre a faculdade e a patinagem, pouco tempo sobra para outras actividades.
O que fazes quando não estás a treinar?
Para além dos estudos, quando me sobra algum tempo, leio, vou ao cinema, estou com os amigos, o normal. Para além disso, dedico algum tempo a ver vídeos de patinagem na internet.
Tens alguma superstição antes de entrar em prova?
Muitas! Mais vale prevenir do que remediar… infelizmente não posso revelar, porque dá azar. (risos)
Sabemos que o material é extremamente dispendioso. Quanto gastas em média em patins e fatos por ano?
Infelizmente, em patins não gasto nada, pois os patins que tenho já os uso há mais de três anos. Custaram-me na altura 150 euros, em segunda mão… já antigos! As rodas e os travões são de desgaste rápido, gasto em média dois pares de cada por ano. Neste momento, se comprasse tudo novo, teria de investir cerca de 850 euros. Com o “salário” de estudante, tenho de continuar a poupar os meus já velhos e gastos….
Outro custo é o dos fatos, que são de extrema importância numa competição. Tudo tem de estar em perfeita harmonia, com a música e o fato a condizer. Os meus são feitos pela minha treinadora, que faz o que pode para me auxiliar… Tendo em conta que o valor de um fato ronda os 400 euros, toda a ajuda é bem-vinda.
Sendo campeão nacional… não tens nenhum patrocinador?
Não tenho patrocinador. Já apresentei várias propostas, essencialmente, a ginásios, porque necessito de fazer trabalho físico como complemento, mas infelizmente nunca obtive qualquer resposta. A modalidade que eu pratico não tem visibilidade como tem o futebol, o ténis ou o andebol… apesar de eu ter vindo a obter bons resultados, não há quem apoie. Aproveito para deixar o meu apelo! (risos)
Quais os projectos futuros como patinador?
Tenho vários projectos, mas para já será revalidar o título de campeão nacional em 2011. Neste momento estou a preparar-me para participar num campeonato internacional e em vários estágios.
O que é necessário para vencer um Campeonato Nacional?
A minha paixão pela patinagem não tem descrição, acho que ponho a patinagem à frente de qualquer coisa. Acima de tudo, é necessário muito esforço, dedicação, espírito de sacrifício, motivação e, claro, infra-estruturas adequadas e toda uma série de outras condições e recursos necessárias para a prática de um desporto de alta competição.
A quem dedicas esta vitória?
Dedico a todos os que me acompanharam nesta caminhada, nomeadamente, à minha treinadora Inês Amado, aos meus colegas e amigos mais próximos, à secção de patinagem e ao meu avô.