(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>Gerações jovens menos dedicadas às vindimas

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VINDIMAS 2010 • Quantidade superior a 2009, mas com menos grau

Setembro é, habitualmente, associado às vindimas. Neste mês, os enólogos consideram que a uva atinge o seu pico de maturação, no que diz respeito à acidez, peso e cor. Família, amigos e vizinhos juntam-se para a colheita da uva como sempre se fez, mas a festa já não é exactamente a mesma. Nos primórdios, o convívio era alegremente animado por cantorias típicas, enquanto se vindimava e se pisavam as uvas. Hoje, os lagares tradicionais foram substituídos por adegas com métodos mecânicos.
O decréscimo na quantidade de uva produzida tem uma relação directa com o desprendimento dos jovens deste costume. De facto, os agricultores batalhenses são cada vez menos e mais envelhecidos. Isto leva a uma diminuição da quantidade de uva, mas a sua qualidade tem-se mantido, segundo os dados fornecidos por Ricardo Borges, gerente da Adega Cooperativa da Batalha. Este ano, houve uma evolução respeitante à quantidade (2 milhões de quilos) em relação ao ano passado, mas no geral a descida é evidente, tendo em conta os 10 milhões de quilos já conseguidos em anos transactos. Já quanto ao grau, “a produção de 2010 está a registar entre 1 a 2 graus abaixo do que foi registado no ano passado”, informou aquele responsável.
José Luís, vitivinicultor há 40 anos, cresceu no meio e arrastou ao longo da sua vida a tradição das vindimas, apesar das diferenças notórias ao longo dos anos. “Cada vez se gasta mais e se recebe menos; o clima não ajuda na produção e no ganho de grau da uva e os produtos são cada vez mais caros”, afirma este produtor do Casal do Arqueiro. Confirma também a descida no grau, já que no presente ano obteve 9,7°, enquanto em 2009 tinha conseguido 11,1°. “A época de Verão foi muito grande, não choveu, então a pele dos bagos contraiu; quanto mais grossa for a pele, mais grau dá à uva”, esclarece.

Numa passagem pela Adega batalhense, a conversa é comum entre os agricultores. Apesar da produção deste ano ter sido bastante boa, já não se verificam as filas de tractores de anos anteriores, “é chegar e despejar”. Os vinhateiros queixam-se da falta de incentivos a esta prática, mas a tradição portuguesa, apesar de tudo, ainda se tem mantido.

Apesar deste cenário de alguma incerteza no sector, “tem aumentado a procura dos vinhos da Batalha, devido à boa qualidade”, assegura Ricardo Borges. Portanto, resta esperar pelo São Martinho para provar o novo vinho.
Ângela Susano

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