(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>EDITORIAL | Um primeiro-ministro diz-me…

>EDITORIAL | Um primeiro-ministro diz-me…

>Estou a fechar esta edição, no silêncio do escritório cansado e da noite longa, e acompanho na televisão um primeiro-ministro de ar sério, abatido, a dizer-me que o sacrifício vai ser maior amanhã.
Lá fora sinto o mês a acabar à pressa, depois de muitas horas de correria atrás de trabalhos nunca acabados, muitas delas roubadas ao sono. Com o jornal de Setembro quase a apanhar o Outubro, porque nem com horas roubadas o tempo me sobrou para todos os encontros com o dever, escrevo este texto a fechar, enquanto um primeiro-ministro, ali na televisão, me diz que pouco disso valeu a pena.

Tinha pensado escrever sobre a alegria do recomeço das aulas, ou sobre a cultura que se derrama lenta sobre a agenda, ou sobre a vindima que anima as paisagens da aldeia. Mas um primeiro-ministro cansado diz-me com voz sonolenta que o meu sonho vai ser mais caro amanhã, ao acordar para uma realidade que tento afastar com o espanador do optimismo, mas que vejo cada vez mais perto de me soterrar no seu pó a assentar pesado.

Não consigo escrever senão sobre essa poeira que me aterra nos olhos semicerrados do cansaço. Vejo um primeiro-ministro apelar à confiança e um país inteiro berrar em desespero. O que vem aí amanhã? Com que estrondo cairá esse pó que se aproxima? Teremos ainda forças para sacudir a vida? Um primeiro-ministro, olhar sério e cansado, diz-me que não sabe.

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