>Este azul
De azul o céu pintou o mar
Raiou a claridade na branca praia
Do sol a lua foi sempre sua aia
Vento do Norte que tanto soube amar.
Quero ser aquele a quem tu hás-de dar
O céu estrelado, brilhante a reluzir
Pois só no rosto vejo teu sorrir
Imaculada concha. Pérola de meu lar…
Este ser teu, sem nunca ser de ninguém
Tem no pecado, o beijo que te dou
Se o desejas tanto? Quanto nele o sou…
Agora digo-te que já não vou
Matar o sonho, pecado meu maior bem
Que nem o sal, pode viver sem…
Miguel Portela
Na verdade eu penso
Penso em ti ao deitar,
És pobre dever ter frio
Pensaste em caminhar
Não hoje é destino vadio.
O trabalho era encostado,
Junto a uma parede
Quase morrias à sede
Sem ninguém a teu lado.
O trabalho era uma ferida,
Que não quiseste aceitar
Nunca conseguiste uma vida
Só é pobre quem não quer trabalhar.
Dormir por aí pelo chão,
Ao frio ao relento
Sem um naco de pão
Perdido na noite pelo vento.
Na verdade eu penso,
Porque sou humano
Nunca ajudaste ninguém
O teu mundo hoje é um desengano
Sacrificas enquanto viver tua mãe.
Penso nesse castigo mal dado,
A quem só precisava de muito amor
Escrever esta verdade não é pecado
É sentir da triste velhinha a sua dor.
Isto não é mentir,
É analisar com justiça a verdade
Se és pobre ajuda-te a sorrir
Caminha com lealdade.
A vida é bela, quando não pensamos só em nós
Temos que lutar por ela
Dar eco à nossa voz.
José António Carreira Santos