Por David Lucas, Engenheiro Civil
Reforço de estruturas – materiais compósitos
A Engenharia Civil prima por desenvolvimentos tecnológicos em várias vertentes. Uma dessas vertentes, que pode ser considerada uma nova tecnologia, diz respeito ao reforço de estruturas recorrendo a materiais compósitos – compostos normalmente por dois tipos de materiais, uma resina polimérica (matriz) e diversos tipos de filamentos, como o vidro, o carbono ou as fibras aramídicas. Enganem-se quando pensam que a fibra de vidro só serve para modelar os pára-choques do vosso carro, ou para fazer um kayake que vão usar num dos vossos passatempos. Na verdade, a forma como as fibras são utilizadas e a sua disposição, em peças de betão armado ou metálicas, nada tem a ver com as aplicações referidas anteriormente, mas o material é semelhante.
Estes materiais compósitos, de nome GFRP (Glass Fiber Reinforced Polymer), CFRP (Carbon Fiber Reinforced Polymer) ou ainda AFRP (Aramidic Glass Fiber Reinforced Polymer) são utilizados para o reforço e reparação de estruturas. Podem ser reforçadas vigas, pilares e lajes, constituindo-se como uma solução algo dispendiosa mas prática em situações específicas, onde não podem ser utilizadas algumas técnicas convencionais ou materiais mais “pesados” (ex: chapas de aço). A aplicação destes materiais processa-se com a colagem de laminados, tecidos ou mantas, recorrendo a matrizes diferentes para cada situação. Considera-se como principal vantagem a capacidade de manuseamento dos materiais, já que, comparativamente às chapas metálicas, estes materiais são mais leves e com um nível de durabilidade elevado.
Os estudos associados a esta tecnologia tiveram inicio na década de 60 e, decorrido este tempo, ainda não foi possível avaliar de forma precisa o seu comportamento – já que a sua aplicação ainda não foi generalizada. O projectista encara assim algumas dúvidas no dimensionamento destes sistemas.
Com um nível de construção saturado ou com entidades sem liquidez para surgirem novos prédios em espaço útil, deve-se arriscar na reabilitação e reparação de edifícios apostando em tecnologias inovadoras, onde esta técnica tem a sua devida dimensão.
Curiosidade: qual a obra de betão armado reconhecida como mais antiga?
R: Por incrível que pareça, é um barco em ferrocimento, executado por Jean-Louis Lambot, em 1848.