(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
Grupo Aves da Batalha observa  habitats naturais no Reguengo do Fetal

Grupo Aves da Batalha observa habitats naturais no Reguengo do Fetal

Como tem vindo a ser hábito ao longo do último ano e meio de existência, o Grupo Aves da Batalha organizou, no passado dia 14 de Julho, mais uma saída de campo para observação de aves. Desta vez, o local escolhido foi o Reguengo do Fetal, mais precisamente, o vale que se encontra entre esta localidade e o Alqueidão da Serra.
Para além do conhecimento do mundo natural desta freguesia, o outro objectivo desta actividade foi o de dar início a um intercâmbio entre o Grupo Aves da Batalha e a Associação 31Por1Linha. Esta é uma associação sediada em Torres Novas, fundada por amantes da natureza, profissionais e amadores, com objectivos e actividades muito semelhantes aos do Grupo Aves da Batalha: conhecer e dar a conhecer o mundo natural que nos rodeia, nomeadamente a avifauna. A sua acção tem decorrido em alguns concelhos do Ribatejo, como os de Torres Novas, Tomar e Golegã. Estabelecemos este intercâmbio como objectivo principal desta actividade, porque acreditamos que esta troca de experiências, conhecimentos e a criação de relações de parceira entre diferentes grupos/entidades/associações é fundamental para tornar o conjunto destes grupos, que lutam por uma mesma causa, ainda mais forte e contagiante.
Falando um pouco do vale visitado, caracteriza-se por ser muito heterogéneo, possuindo campos agrícolas com cultura de cereal, hortaliças e vinha, e ainda parcelas de pousio. Possui ainda, na encosta oeste, a maior e mais bem preservada mancha de carvalhal-cerquinho ou português (Quercus faginea) do concelho da Batalha. Este é formado por árvores centenárias, onde se destaca o “Carvalho do Padre Zé”, um carvalho que poderá ser o mais velho exemplar da sua espécie na Península Ibérica, estimando-se a sua idade em cerca de 1200 anos de vida. Só para impressionar, o perímetro do seu tronco ronda os seis metros.

Para a visita propriamente dita, contámos com a participação de 15 pessoas, entre as quais batalhenses, leirienses e ainda os seguidores da Associação 31Por1Linha. O percurso iniciou-se no Santuário de Nossa Senhora do Fetal, pelas 08h00. Apesar do nevoeiro matinal, ao longo da visita o sol foi fazendo o seu trabalho e acabou por ser uma manhã muito solarenga e quente. Durante o percurso, observámos um total de 42 espécies de aves, entre as quais se destacaram uma família de mochos-galegos muito simpática, uma águia-cobreira, um gavião, várias escrevedeiras-de-garganta-preta, trigueirões e jovens petos-verdes, muito refilões a gritar pela sua independência. Observámos ainda algumas espécies de borboletas, como a Vanessa Cardui – Bela-Dama ou Vanessa dos Cardos –, uma espécie que faz uma migração intercontinental entre a Europa e África, podendo percorrer um total de 12.000 quilómetros durante a viagem entre a África tropical e o Árctico.
Após a visita, decorreu um almoço convívio no Rio Seco, onde, para além da comida e bebida que foi fundamental para repor energias, houve tempo para se falar e discutir alguns temas e problemáticas da conservação da região e do País. Este tipo de momentos, onde se discute, se conversa, se trocam ideias e se ouvem diferentes pontos de vista, a meu ver, são fundamentais para qualquer tipo de estratégia de conservação e de sensibilização da sociedade. Se mudou alguma coisa no dia seguinte? Talvez não, mas pelo menos pudemos aprender uns com os outros e, num futuro próximo, certamente que nos dotará de uma poderosa arma de conservação: o conhecimento. Só conhecendo é que se pode proteger.
As saídas organizadas durante este ano e meio, que já somam um total de 14, entre saídas para observação de aves e sessões de recolha de lixo, têm permitido conhecer vários recantos do Concelho. Para além do Vale do Lena, já visitámos os Casais dos Ledos, o Casal Suão, o Rio Seco e a Mata do Cerejal, nas Alcanadas. Com estas visitas, temos conseguido angariar pessoas das diferentes aldeias do Concelho, que funcionam como guias locais nas suas aldeias, e que que acabam por repetir a experiência, participando noutras actividades. Tudo isto permite um profundo conhecimento dos habitats, fauna e flora do concelho, fundamental para a sua monitorização e conservação e para que possam ser conhecidos e vividos pelas gerações futuras.

João Tomás

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