(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
>Comemorações na Batalha – Estátua do Infante inaugurada

>Comemorações na Batalha – Estátua do Infante inaugurada

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Depois dos actos evocativos do Infante D. Henrique em Aljezur, Vila do Bispo e Lagos, nas Terras do Infante, designação feliz para a associação destes três municípios algarvios, concluíram-se na Batalha, em 14 do corrente, as homenagens à memória do iniciador e impul­sionador de uma das maiores epopeias da história da Hu­manidade: os Descobrimentos Portugueses.
Após a Missa, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, presidida pelo Bispo emérito de Leiria-Fátima D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, e concelebrada por Monsenhor Luciano Gomes Paulo Guerra e Padre José Ferreira Gon­çalves, procedeu-se à deposição de flores no túmulo do Infante e realizou-se, no auditório do Mosteiro, a confe­rência do Professor Doutor Saul António Gomes, subor­dinada ao título “O Infante, a Batalha e os Destinos de Portugal”, notável lição de história e declaração de fé nos destinos do Povo português (ver neste blog).

À mesa da sessão presidiu um ilustre batalhense, o professor doutor Rui Manuel Gens de Moura Ramos, presidente do Tribunal Constitucional. Constituíram-na, ainda, o presidente da Câmara Municipal da Batalha, António José Martins de Sousa Lucas, alma destas comemorações na histórica vila, e o presidente do IGESPAR, Gonçalo Couceiro. No claustro houve a agradável surpresa de um magnífico quarteto de sopro da SAMP – Sociedade Artística Musical dos Pousos brindar os presentes com algumas peças de música clássica.

A terminar, no vasto terreiro a leste do Mosteiro (que no próximo ano vai finalmente beneficiar de obras), terrei­ro que tem o nome do Infante, foi inaugurado o seu busto, esplêndida escultura dos artistas batalhenses António José Moreira e Alzira Antunes, que se inspiraram na cabeça da estátua jacente do túmulo da Capela do Fundador. Traba­lho inteiramente moldado e assente no calcário regional, do mesmo calcário de que é feito o Mosteiro. O Infante, à semelhança da jacente batalhina, tem a coroa ducal a invocar a sua condição de duque de Viseu.

O novo monumento é muito expressivo e muito belo e reveste-se de verdadeira espiritualidade. Está ali o Infante das prodigiosas navegações e da expansão dum povo que, apesar da sua pequenez numérica, correu as partidas do mundo e deixou marcas indeléveis em quatro continentes.

José Travaços Santos

A televisão vinha e depois não veio. Porquê?

Isto faz-me lembrar a história de certo padre que, para atrair mais crianças à catequese, avisou que tal dia ia haver “cinema”. Cinema era apenas a pro­jecção de algumas imagens fixas, mas para a pequenada, naquele tempo, aquilo era “cinema”. A sala encheu-se, mas o padre, ou por não poder ou por esquecimento, de “cinema”, nada. Ao sair, um dos miúdos, cabisbaixo, diz para os colegas: “Sacana do padre, disse qu‘abia e na abeu!”.

E assim foi agora. Estava tudo combinado para a transmissão das cerimónias de homenagem ao Infante D. Henrique, no passado dia 14 de No­vembro. No dia 5, estiveram cá alguns responsáveis e técnicos da RTP a examinar todo o local onde iam decorrer as cerimónias, tiraram medidas, combi­naram locais de estacionamento, tudo a correr bem. Mas, no final desse encontro, quando pediram a lista das “personalidades” que iriam estar pre­sentes, houve, logo ali, um engelhar de narizes. Não havia “figuras mediáticas”. Pensei logo comigo: temos o caldo entornado. E, se bem o pensei, pior aconteceu. Dias depois, vem a comunicação do cancelamento da trans­missão, porque a RTP não tinha dinheiro para a iluminação. Ficava muito cara. Certamente temeram ficar sem dinheiro para os “ordenaditos” de administradores e directores de programas.

Será que, se as tais “figuras mediáticas” que foram convidadas tives­sem vindo, não haveria mesmo dinheiro para a iluminação? Fico na dúvida, se a RTP vinha para apresentar aos seus telespectadores a figura heróica do Infante D. Henrique, ou as caras dos nossos políticos.

Lamento que a figura do Infante, que escreveu uma das mais belas páginas da nossa história, tenha ficado para segundo plano, perante as figuras da nossa política, que têm levado Portugal ao estado em que se encontra. Se não vinham aquelas caras, o mosteiro da Batalha é Património Mundial, é uma das Sete Maravilhas de Portugal. Qualquer repórter, mesmo de “meia tigela”, con­seguia, sem dificuldade, encontrar neste monumento imagens muito acima da beldade de Suas Excelências (com isto, não quero dizer que sejam feios).

Diz-se que o nível cultural dos portugueses é pobre. É pena que quem tem meios e condições para lhes dar a conhecer importantes valores históricos e cultu­rais prefira apresentar-lhes “figuras mediáticas”.

A cerimónia fez-se. Foi homenageado o Infante. A RTP falhou.

In Ecos do Domingo, boletim paroquial da Batalha

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