A assinalar 90 anos da sua fundação, a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Batalha aproveitou assembleia geral anual para apresentar aos sócios o livro “Origens do Crédito Agrícola Mútuo – Contributos da Caixa da Batalha”, uma obra da autoria do seu administrador executivo António Pires, com a qual se pretende honrar os fundadores e todos os responsáveis da instituição.
Ao longo de uma centena de páginas, o autor viaja pela história colectiva do Crédito Agrícola, evidenciando os acontecimentos e principais personalidades que determinaram o modelo solidário e cooperativo que chegou aos nossos dias. Da bondade D. Leonor, que usou a sua fortuna no patrocínio de obras de assistência social e lançou as sementes do financiamento directo às gentes da lavoura, a obra conduz o leitor na linha do tempo até D. Sebastião e ao seu patrocínio à instituição dos celeiros comuns – porventura as primeiras experiências de crédito agrícola mútuo –, até chegar à Lei Basilar do Cooperativismo Português, de Andrade Corvo, e o que ela significou.
Numa rápida viagem de cinco séculos pela história do Crédito Agrícola, são também evidenciados os contributos Friedrich Raiffeisen, os seus ideais e o seu lema “um por todos e todos por um” e como eles influenciaram as organizações cooperativas. O autor percorre ainda o final da monarquia, a instauração da República, a importância do decreto de 1 de Março de 1911 de Brito Camacho, e a construção do edifício jurídico do Crédito Agrícola Mútuo moderno.
Mas é a história da Caixa da Batalha o foco e o corpo central deste livro. Fundada em 1933, foi a oitava a ser criada já na vigência do decreto 16.666 de 27 de Março de 1929, que retirou a autonomia ao Crédito Agrícola e o colocou na dependência da Caixa Nacional de Crédito, anexa à Caixa Geral de Depósitos e Previdência. Quase 50 anos depois, a Caixa da Batalha viria a estar activamente empenhada no movimento que levou à recuperação da autonomia do Crédito Agrícola. E, com outras caixas, foi fundadora da FENACAM e da Caixa Central – de que, aliás, foi a primeira presidente, com João Afonso Marto Ramos – e participa activamente no apoio financeiro a outras caixas pouco capitalizadas.
O autor afirma não se tratar de “uma obra literária”, mas a verdade é que se trata de um importantíssimo documento de investigação e divulgação da história nacional e local, sobretudo a desta instituição que é hoje de referência no panorama nacional do Crédito Agrícola Mútuo. Entre os documentos que apresenta, destacamos a acta n.º 1, assinada pelos 17 sócios fundadores, correspondência trocada com a Caixa Nacional de Crédito de alteração dos Estatutos para permitirem depósitos dos sócios, ou a fotografia da primeira sede, num edifício já demolido, situado onde actualmente existe a estátua equestre do Condestável, S. Nuno Álvares Pereira, junto ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na vila da Batalha.
Este livro é também um repositório de memórias: registos de lançamentos manuscritos, a máquina de calcular anterior a 1970, a calculadora usada até meados da década de 1980, o primeiro equipamento electromecânico para o lançamento de depósitos à ordem e a prazo, ou a Medalha de Mérito Municipal atribuída em 2003, são elementos fotográficos que dão cor e vida à obra onde o autor apresenta detalhadamente o organigrama e registo de eleição de todas as direcções desde a fundação da Caixa até ao actual conselho de Administração.
O último capítulo foca-se na evolução económica e financeira da instituição, comparando a evolução anual dos seus resultados líquidos com a variação anual da taxa de inflação e crescimento do PIB desde 1960 até à actualidade.
Quem desejar conhecer e guardar a história do nosso concelho, não poderá deixar de adquirir mais esta importante publicação.