(Freguesia da Golpilheira • Concelho da Batalha • Distrito de Leiria)
 
Dar sangue é (mesmo) dar vida

Dar sangue é (mesmo) dar vida

Golpilheirenses continuam (bastante) solidários

Uma equipa do Centro Regional de Sangue de Coimbra desloca-se ao Centro Recreativo da Golpilheira duas vezes por ano (em Maio e em Novembro) para fazer colheita de sangue. O Jornal da Golpilheira tem divulgado essas datas e faz frequentemente uma nota sobre o modo como decorreu. Nesta edição quisemos fazer mais, destacando o assunto e sensibilizando as pessoas para este importantíssimo gesto solidário.
A recolha mais recente decorreu no passado domingo 20 de Maio, entre as 09h00 e as 13h00, tendo sido efectuadas 75 colheitas entre as cerca de 100 pessoas que se apresentaram no local durante a manhã.
Em conversa com os técnicos, fomos informados de que este número não anda muito longe do normal, embora tenha diminuído um pouco. De facto, recordamos que na última referência que fizemos a esta iniciativa, em Novembro de 2010, tinham sido registadas 120 colheitas válidas. “Há zonas do País onde a redução é mais drástica, sobretudo no Norte, onde chega a registar-se este ano uma quebra na ordem dos 50%”, referiram.

Isenção das taxas moderadoras
Um dos motivos para este facto será a legislação que entrou em vigor este ano, que veio retirar a isenção de taxas moderadoras nos serviços hospitalares aos dadores de sangue, embora se mantenham as isenções nos Centros de Saúde (ver abaixo).
Temos acompanhado as notícias nos últimos meses sobre este assunto. Os serviços de sangue afirmam que há uma redução significativa de dadores de sangue este ano e existe o risco de ruptura na reserva suficiente para as necessidades. As associações de dadores têm feito pressão junto do Governo para que volte a repor a anterior isenção, em reuniões com o ministério da Saúde, manifestações e abaixo-assinados, precisamente por temerem que esteja em causa uma situação de saúde pública.
O Governo justifica a necessidade destes cortes como um dos meios em curso para garantir a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde. Embora admitindo que poderá voltar atrás nessa decisão, se estiver em causa uma ruptura na reserva nacional de sangue, já veio informar que só o fará após o decurso de um período de tempo alargado, que permita uma avaliação do impacto da medida.
Enquanto decorrem estas negociações, constatamos em vários blogues e comentários a notícias na internet, que muitas pessoas usam esse argumento para dizer “não dou nem mais uma gota”.
Mas há também muitas outras que, mesmo discordando do fim das isenções, reiteram a sua continuidade como dadores, precisamente porque o fazem como objectivo solidário e não para receber algo em troca.

Um gesto altruísta
De facto, a dádiva de sangue é um gesto altruísta que, pela sua natureza, não deve esperar nada em troca. É claro que um benefício fiscal poderá servir de incentivo a algumas pessoas ou, pelo menos, à regularidade com que o fazem. Mas será de esperar que a grande maioria dos dadores tenha verdadeiramente o espírito de solidariedade que esta acção pressupõe. Já para não referir que a necessidade de sangue poderá tocar a qualquer um de nós ou dos nossos familiares…
Várias têm sido as associações de dadores e outras instituições que têm apelado para a importância desta acção e para a sua gratuidade. Uma delas foi a Conferência Episcopal Portuguesa que, ainda recentemente, emitiu uma nota sobre o assunto a lembrar aos cristãos a sua especial “obrigação” de serem solidários com quem mais precisa. Neste caso, com os que precisam de sangue para sobreviver. Houve mesmo alguns padres que não tiveram medo de chocar os fiéis: “se for preciso faltar à Missa para dar sangue, está justificado”!
Nunca será demais lembrar que a expressão “dar sangue é dar vida”, que já se popularizou, significa mesmo que é “dar” e não “vender”, isto é, não esperar nada em troca.
Felizmente, ainda há bastantes golpilheirenses que são dadores regulares de sangue, mas poderiam ser bem mais. E garantimos que, até pelo ambiente de convívio e boa disposição que se vive durante estas manhãs, vale a pena aparecer. Mesmo os mais tímidos ou receosos devem experimentar e verificar que não há qualquer problema. Os enfermeiros e enfermeiras que nos atendem tratam de mostrar que têm “mãos de fada”, como é já a simpática alcunha de um dos profissionais que esteve na Golpilheira…
Quem não teve oportunidade de vir neste dia, poderá fazê-lo no Salão Paroquial da Azóia, já no dia 10 de Junho, também entre as 09h00 e as 13h00. No Salão Paroquial da Batalha, costuma ser umas semanas depois. E na unidade móvel da Cruz Vermelha de Leiria, no mesmo horário, todos os sábados e terças-feiras.
Esperamos com este nosso destaque desmistificar alguns preconceitos e convencer mais pessoas a tornarem-se dadores de sangue. Vamos mostrar que a população da Golpilheira é solidária!

Luís Miguel Ferraz

Perguntas e respostas

Quem pode dar sangue?
Pode dar sangue se tiver bom estado de saúde, hábitos de vida saudáveis, peso igual ou superior a 50kg e idade compreendida entre os 18 e os 65 anos. Para uma primeira dádiva, o limite de idade é aos 60 anos.

Quem não pode dar sangue?
Há alguns factores que poderão impedir a colheita. Por exemplo, se: alguma vez utilizou drogas por via endovenosa; teve contactos sexuais a troco de dinheiro ou drogas ou com múltiplos(as) parceiros(as); foi parceiro sexual de qualquer dos grupos anteriores; é seropositivo para o Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH) ou portador crónico do Vírus da Hepatite B e Hepatite C (VHB, VHC); tem história familiar de Doença de Creutzfeldt-Jakob e variante (DCJ, vDCJ); fez tratamento com hormona de crescimento, pituitária ou gonadotrofina de origem humana; fez transplante de córnea ou dura-máter; fez transfusão; tem Epilepsia, Diabetes insulino-dependente ou Hipertensão grave; teve Paludismo/Malária nos últimos 3 anos; teve parto nos últimos 6 meses; está a amamentar (adiar 3 meses após cessar); foi operado nos últimos 6 meses; fez endoscopia nos últimos 6 meses; fez tatuagem ou piercing nos últimos 6 meses; teve um novo(a) parceiro(a) sexual nos últimos 6 meses.

Há riscos em dar sangue?
Os homens podem dar sangue de 3 em 3 meses (4 vezes/ano).
As mulheres de 4 em 4 meses (3 vezes/ano) sem qualquer prejuízo para si próprios.
Uma unidade de sangue total representa aproximadamente 450ml.
Cada pessoa tem em circulação 5 a 6 litros de sangue, dependendo da sua superfície corporal. O sangue doado é rapidamente reposto pelo nosso organismo.
Não há qualquer possibilidade de contrair doenças através da dádiva de sangue, pois todo o material utilizado é estéril e descartável e usado uma única vez.

Como é o processo?
Todo o processo da dádiva demora em média 30 minutos. Não deve dar sangue em jejum. Poderá tomar uma refeição ligeira, sem álcool e sem gorduras, como por exemplo uma sanduíche e um sumo. Se almoçar, deverá completar as três horas de digestão antes de efectuar a sua dádiva.
1. Ao dirigir-se à recolha, será atendido por um profissional dos serviços administrativos que preencherá a sua ficha. É importante que se faça acompanhar pelo seu Bilhete de Identidade para que os seus dados pessoais sejam preenchidos correctamente e para que, mais tarde, receba o Cartão Nacional de Dador.
2. Em seguida, é sempre observado por um médico. Esta triagem destina-se a avaliar o seu estado de saúde para que haja a certeza de que não será lesado pelo facto de dar sangue, nem será prejudicado o doente que o receber. É importante que fale abertamente com o médico sobre a sua história clínica e os seus hábitos de vida. Toda a informação fornecida por si é confidencial. Neste processo, ser-lhe-á entregue um documento denominado “Termo de Consentimento Esclarecido para a Dádiva de Sangue”. Este impresso será preenchido por si e pelo médico durante a triagem clínica. Neste questionário, o dador declara que leu e compreendeu toda a informação e que pôde ser esclarecido pelo médico sobre as dúvidas que surgiram, bem como que respondeu às questões com verdade, consciência e responsabilidade. Após o questionário, é avaliada a tensão arterial e frequência cardíaca e realizado o teste para a determinação do valor de hemoglobina, para verificar se os glóbulos vermelhos são suficientes para dar sangue, sem prejuízo para a sua saúde. Se houver alguma anomalia, poderá ser suspenso, temporária ou definitivamente, dependendo da situação. Acima de tudo é importante salvaguardar a saúde do dador e do doente.
3. Uma vez aprovado para a dádiva de sangue, irá ser atendido por enfermeiros na sala de colheita. A punção venosa é realizada de acordo com procedimentos validados, com o auxílio de um sistema de saco e agulha estéril e de utilização única. Deste modo, é conferida a máxima protecção ao dador e ao receptor. Ser-lhe-ão retirados 450 ml, correspondentes a uma unidade de Sangue Total.
4. Por fim, após a colheita de sangue, é servida uma pequena refeição para reforçar os líquidos e nutrientes no organismo e… para mais alguns minutos de convívio com outros dadores e com a equipa que o acompanhou.
Fonte: www.ipsangue.org

Legislação em vigor sobre a isenção das Taxas Moderadoras

O Decreto-Lei N.º 113/2011, de 29 de Novembro, com entrada em vigor a partir de 1 de Janeiro de 2012, veio alterar o acesso às prestações do Serviço Nacional de Saúde (SNS) por parte dos utentes no que respeita ao regime das taxas moderadoras e à aplicação de regimes especiais de benefícios, tendo revogado os normativos anteriores que regulavam esta matéria.
Assim, o n.º 4 deste diploma indica que estão isentos do pagamento de taxas moderadoras: a) As grávidas e parturientes; b) As crianças até aos 12 anos de idade, inclusive; c) Os utentes com grau de incapacidade igual ou superior a 60%; d) Os utentes em situação de insuficiência económica, bem como os dependentes do respectivo agregado familiar, nos termos do artigo 6.º; e) Os dadores benévolos de sangue, nas prestações em cuidados de saúde primários; f) Os dadores vivos de células, tecidos e órgãos, nas prestações em cuidados de saúde primários; g) Os bombeiros, nas prestações em cuidados de saúde primários e, quando necessários em razão do exercício da sua actividade, em cuidados de saúde hospitalares; h) Os doentes transplantados; i) Os militares e ex-militares das Forças Armadas que, em virtude da prestação do serviço militar, se encontrem incapacitados de forma permanente.
Assim, no que respeita aos Dadores Benévolos de Sangue, acabaram as isenções nos tratamentos hospitalares, mas mantém-se a isenção nas prestações em cuidados de saúde primários, isto é, nos Centros de Saúde.
Podem beneficiar desta isenção, segundo as normativas publicadas, os Dadores de Sangue que tiverem efectuado mais de 30 dádivas na vida, ou os que tiverem duas dádivas nos últimos 12 meses. Isto inclui os candidatos à dádiva impedidos temporária ou definitivamente de dar sangue, desde que tenham efectuado 10 ou mais dádivas válidas.

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