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Energia das Marés/Ondas
Por David Lucas, Engenheiro Civil

O aproveitamento das marés é actualmente uma forma de obtenção de energia em desenvolvimento (maremotriz). Sucintamente, há três formas de aproveitamento desta força: 1) recorrendo às variações do nível do mar – potencial; 2) através das correntes marítimas – cinética; 3) ondas do mar.

1) O aproveitamento das variações do nível do mar é feito recorrendo à execução de reservatórios próximos da costa marítima, que enchem progressivamente durante a maré-alta através de um canal onde se insere uma turbina que transforma energia mecânica em energia eléctrica. Durante a maré-baixa, essa turbina funcionará em sentido contrário, gerando novamente energia.

2) No que diz respeito à utilização das correntes marítimas, verifica-se a utilização de mecanismos que podem ser chamados “hidrólicos” – é um termo não técnico, mas que caracteriza de forma peculiar o sistema, que se traduz como uma mistura de aproveitamento de energia hidráulica com princípios de eólica. Estes mecanismos, semelhantes aos rotores eólicos, são introduzidos submergidos no alto mar na direcção das correntes marítimas, e por acção das mesmas geram energia, que é transmitida por cabos colocados no fundo dos oceanos.

3) A energia das ondas é desenvolvida segundo o aproveitamento da força das mesmas e do ar transmitido pela sua acção, que faz girar uma turbina que produz energia.

É tudo muito bonito na teoria, e na prática funciona? Apesar de ter um rótulo de energia renovável ou “limpa” é também verdade que não é muito fácil de implementar este tipo de estruturas, pois são necessárias condições especiais para que o investimento seja rentável. Um dos efeitos indesejáveis associado a este tipo de estrutura está relacionado com a intermitência das correntes e das marés. Para que o sistema funcione adequadamente, teremos de ter um desnível considerável entre marés (5,5m) e velocidades mínimas de correntes. Um dos bons exemplos da implementação deste tipo de estruturas diz respeito à central de produção de energia em La Rance (França – início em 1966), a 10km do desaguamento do rio Rance no Canal da Mancha, pois neste local a amplitude das marés chega aos 13m! Posso dar também um mau exemplo, e não é por ser em Portugal, mas na Póvoa do Varzim surgiu um processo pioneiro no aproveitamento de energia das ondas (quase 10 milhões de euros de investimento) e que segundo algumas notícias foi cancelado devido a problemas técnicos e de ordem financeira.

Economicamente falando, este tipo de estruturas representa um investimento muito elevado, com uma amortização a muito longo prazo, o que invalida em parte o seu desenvolvimento. A eficiência do sistema contribui de forma decisiva para algum abandono desta técnica de obtenção de energia.

Olhando para a costa portuguesa, com aproximadamente 1200km de extensão, verificamos que este tipo de recurso poderia ser bem aproveitado. No entanto, regista-se alguma falta de iniciativa e inovação neste campo. Não havendo soluções tecnológicas, agarremos as soluções históricas que perduram desde o século XII, onde já nessa altura se utilizavam moinhos submarinos que aproveitavam o fluxo e refluxo das correntes para fazer girar pedras de moer cereais. Voltemos ao antigamente!

Fonte: http://paginas.fe.up.pt/~ee02035



 

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